“Imposto não é roubo. Roubo é o que fazem com ele.”
Sempre vejo por aí uns posts “de brincadeira” reclamando da carga tributária: ganha dinheiro, paga imposto. Compra alguma coisa, paga imposto. Tem carro, paga imposto. Respira, paga imposto.
Sim, parece um loop infinito — e é. Mas, como bom concurseiro da área fiscal, sei que a história é um pouco mais complexa. Temos diferentes espécies de tributos: impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições especiais e até empréstimo compulsório.
Só que o vilão da narrativa quase sempre é o imposto. O nome já entrega: é algo “imposto”. Pela definição, é um tributo cuja obrigação nasce de uma situação que independe de qualquer atividade estatal específica. Em outras palavras: você não precisa pedir nada — e já deve.
Diferente das taxas, em que há uma relação direta (você paga algo e recebe um serviço em troca), o imposto é aquele dinheiro que você entrega confiando que o Estado fará bom uso. Spoiler: quase nunca faz.
E ainda tem outra armadilha: a maioria dos impostos não tem destinação específica. Ou seja, esqueça o papo de “pago IPVA e a rua continua cheia de buracos”. O IPVA não é para tapar buraco. Ele é, basicamente, um recorte da sua “riqueza sobre rodas”.
No fim, o problema não está exatamente no imposto ou na alta carga tributária. Como bem lembra Gustavo Cerbasi: ele adoraria pagar mais IR, porque isso significaria que sua renda estaria crescendo. O problema real é o que recebemos em troca. Ou, melhor dizendo, o que não recebemos: saúde, segurança, educação… os mesmos fantasmas que todo candidato promete resolver em campanha.
E quem decide o destino da grana? Justamente aquele candidato em quem você votou — muitas vezes sem pesquisar, sem perguntar, sem investigar. Agora ele pode estar blindado no cargo, votando projetos para proteger a si mesmo, enquanto a tão prometida isenção de IR até 5 mil segue mofando em gavetas.
No fim das contas, caro leitor, a fatura não é só do imposto. É também do voto mal dado. Porque a aposta é sempre sua, mas quem ganha — e nunca perde — são eles.
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