Talvez eu ame justamente por isso.”
Tem gente que só ama o que pode guardar.
O que pode levar pra casa, colocar nome, marcar na pele.
📎 Mas há um outro tipo de amor —
mais silencioso, mais leve,
e, de certa forma, mais livre.
O amor que não quer pra si.
🐈 Gosto de gatos — mas não tenho
Aprecio a elegância felina.
A independência.
Aquele olhar de quem nos tolera com certo charme.
Mas nunca quis um em casa.
📎 Talvez porque sei que amar é, às vezes,
deixar que algo exista sem precisar caber na sua rotina.
🎨 Amo tatuagens — mas nunca fiz
Já admirei muitas.
Já pensei em frases, desenhos, símbolos.
Já quase fui.
Mas nunca marquei.
📎 Talvez porque, pra mim,
a tatuagem mais bonita é aquela que existe nos outros.
Que vive sem se tornar cicatriz minha.
Que encanta sem precisar ser eterna na minha pele.
☕ Já pensei em cafés que nunca aconteceram
Conversas imaginadas.
Encontros que ficaram só na ideia.
Pessoas com quem troquei olhares mas não palavras.
📎 E sabe de uma coisa?
Tudo bem.
Alguns cafés funcionam melhor no plano do talvez.
💭 Esse amor não possui — contempla
📎 Schopenhauer dizia que o desejo é sofrimento até ser satisfeito.
E depois disso, vira tédio.
📎 Roland Barthes via o amor como um campo de ausências —
um discurso que se sustenta no vazio.
📎 Pascal Bruckner alertava para o vício moderno do prazer constante —
como se amar fosse sempre ter, gozar, manter, garantir.
📎 E o budismo, com sua elegância antiga,
só diz:
o apego é a raiz do sofrimento.
🧘♂️ Amar sem querer pra si é quase um exercício espiritual
É dizer:
“Eu gosto disso. Mas não preciso disso.”
É admirar sem capturar.
É sentir sem prender.
É ser tocado por algo que permanece, justamente, intocado.
🌫️ E se a gente romantizasse menos a posse,
e mais o mistério?
📎 E se amar fosse mais sobre permitir que algo exista,
do que sobre garantir que ele nunca escape?
📎 E se o que mais nos encanta em certas coisas
é saber que elas não nos pertencem —
e nem precisam?
🖋️ Não tenho gato.
Não tenho tatuagem.
Não tomei certos cafés.
📎 Mas guardo tudo isso comigo —
como quem guarda o som de uma música que não sabe tocar,
mas que vive assobiando por dentro.