Declus

Tentando tapar os buracos na minha cabeça...

quinta-feira, setembro 25, 2025

📱 O Flow que Escapa: O vício na vibração e a aposentadoria das notificações

 "O futuro que eu quero — uma casinha simples, num lugar tranquilo, sem WhatsApp — só pode nascer desse foco de hoje."

O Estado de Graça e a Maldição da Vibração

Existem aqueles momentos raros, quase mágicos, em que a vida parece, finalmente, entrar em sintonia com a gente. É o famoso Flow: a mente esquece o tempo, o corpo funciona no piloto automático da excelência, e o que antes era esforço, vira um prazer silencioso. Você está estudando, jogando futebol, assistindo a um show ou, na mais pura das ironias, apenas olhando para a grama crescer — e o mundo exterior desaparece.

Mas aí, a pergunta que incomoda: por que não conseguimos nos manter nesse estado de graça?

A resposta, meus amigos, é quase sempre a mesma e vibra no seu bolso. O smartphone 📵, esse vampiro de atenção com suas notificações incessantes, é o ladrão de flow mais eficiente que já inventamos. Ele nos arranca do fluxo a cada vibração. E o pior é que nem precisa ser uma mensagem de vida ou morte: basta um "Oi sumido" no grupo da família para a mente perder o compasso, interromper a sinapse e nos jogar de volta à superfície da distração.

O Sacrifício e a Rebeldia do Foco

"Ah, mas é só colocar no modo avião." É mesmo? Quem consegue? Quem tem a coragem de largar o vício de conferir a cada dois minutos, como se a vida de verdade estivesse acontecendo em outra tela e não na sua frente? No fundo, o flow é o que o mindfulness tenta ensinar: estar presente.

Só que a presença é mais difícil do que parece. O foco exige sacrifício, treino e, acima de tudo, uma certa rebeldia contra essa economia da distração que vive unicamente para sugar minutos preciosos da nossa atenção. É uma batalha diária contra o algoritmo que quer nos manter presos, conferindo, rolando.

E eu, como bom concurseiro, sei bem o preço dessa luta. O futuro que eu almejo — uma casinha simples, num lugar tranquilo, sem WhatsApp para atrapalhar o café da manhã — só pode nascer desse foco de hoje. Talvez a verdadeira aposentadoria não seja a do INSS, mas sim a das notificações.


quarta-feira, setembro 24, 2025

🌬️ O Controle Que Nunca Tivemos (E Só Agora Percebemos)

 
📌 Epígrafe:

“O controle é confortável. Até que você descobre que nunca teve um.”

Tem gente que descobre aos 20. Outros aos 40. Alguns… nunca.
A constatação de que não temos controle sobre quase nada é como uma chave que não abre nenhuma porta, mas finalmente explica por que estávamos presos.

A vida escapa pelos dedos. O tempo ri do nosso planejamento. As pessoas não agem como esperamos. E mesmo assim, seguimos tentando controlar — como se fosse possível organizar o vento.

Tentamos controlar carreiras, sentimentos, relacionamentos, até o clima da próxima semana. Mas basta um imprevisto, uma notícia, uma perda, para percebermos que tudo é areia escorrendo entre as mãos.

E aqui mora o paradoxo: quanto mais buscamos controle, mais cresce a ansiedade. Mas, quando aceitamos a fragilidade da nossa condição, algo curioso acontece: surge um alívio. É como se um peso caísse. A vida não precisa caber dentro do nosso cronograma para ser vivida.

Aceitar a ausência de controle não é desistir. É aprender a caminhar sem mapa, mas com atenção. É escolher o próximo passo, mesmo sem saber se o chão é firme. É estar presente no agora, porque é o único espaço onde realmente temos alguma influência.

No fim, talvez o verdadeiro poder esteja na renúncia: parar de lutar contra o incontrolável e começar a cultivar o que ainda é possível — cuidado, presença, afeto. Porque se o vento sopra em todas as direções, ao menos podemos ajustar a vela.

terça-feira, setembro 23, 2025

💸 Post Extra — O problema não é o imposto

 
📌 Epígrafe:

“Imposto não é roubo. Roubo é o que fazem com ele.”

Sempre vejo por aí uns posts “de brincadeira” reclamando da carga tributária: ganha dinheiro, paga imposto. Compra alguma coisa, paga imposto. Tem carro, paga imposto. Respira, paga imposto.

Sim, parece um loop infinito — e é. Mas, como bom concurseiro da área fiscal, sei que a história é um pouco mais complexa. Temos diferentes espécies de tributos: impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições especiais e até empréstimo compulsório.

Só que o vilão da narrativa quase sempre é o imposto. O nome já entrega: é algo “imposto”. Pela definição, é um tributo cuja obrigação nasce de uma situação que independe de qualquer atividade estatal específica. Em outras palavras: você não precisa pedir nada — e já deve.

Diferente das taxas, em que há uma relação direta (você paga algo e recebe um serviço em troca), o imposto é aquele dinheiro que você entrega confiando que o Estado fará bom uso. Spoiler: quase nunca faz.

E ainda tem outra armadilha: a maioria dos impostos não tem destinação específica. Ou seja, esqueça o papo de “pago IPVA e a rua continua cheia de buracos”. O IPVA não é para tapar buraco. Ele é, basicamente, um recorte da sua “riqueza sobre rodas”.

No fim, o problema não está exatamente no imposto ou na alta carga tributária. Como bem lembra Gustavo Cerbasi: ele adoraria pagar mais IR, porque isso significaria que sua renda estaria crescendo. O problema real é o que recebemos em troca. Ou, melhor dizendo, o que não recebemos: saúde, segurança, educação… os mesmos fantasmas que todo candidato promete resolver em campanha.

E quem decide o destino da grana? Justamente aquele candidato em quem você votou — muitas vezes sem pesquisar, sem perguntar, sem investigar. Agora ele pode estar blindado no cargo, votando projetos para proteger a si mesmo, enquanto a tão prometida isenção de IR até 5 mil segue mofando em gavetas.

No fim das contas, caro leitor, a fatura não é só do imposto. É também do voto mal dado. Porque a aposta é sempre sua, mas quem ganha — e nunca perde — são eles.

🌱 Post Extra — Zona de Conforto (ou pelo menos tentando chegar nela)

 
📌 Epígrafe:

Fortis fortuna adiuvat” — A sorte favorece os corajosos.
(tatuagem inscrita nas costas de John Wick)

Sempre ouvi que “é preciso sair da zona de conforto”. Como se fosse um mantra, uma receita infalível para o sucesso. Mas confesso: na maior parte do tempo, eu só quis entrar nessa tal zona. Ter paz, estabilidade, um cantinho tranquilo para respirar sem sentir que cada passo é uma batalha.

Não que eu não tenha me esforçado — claro que sim. Mas muitas vezes, as coisas que deram certo na minha vida não foram fruto de uma estratégia brilhante, e sim de um acaso bem-vindo. Muita coisa simplesmente caiu no meu colo, às vezes literalmente.

E aí vem aquela sensação estranha: será que mereci? Será que fiz o suficiente? Aí lembro de uma frase que sempre aparece: sorte é o encontro da oportunidade com o preparo. Mas, honestamente, nem sempre eu estava preparado. Eu apenas abracei o que apareceu. E, no fim, “deu bom”.

Talvez a zona de conforto não seja o lugar da preguiça, como muitos pintam. Talvez seja apenas o lugar onde você sente que cumpriu sua parte — ainda que pequena — e que, por um instante, pode descansar. O resto é a vida cuidando de jogar, de vez em quando, uma sorte inesperada no nosso colo.

🌀 Rick and Morty: O Multiverso, a Dor e o Riso Nervoso

 

📌 Epígrafe:
“Nada importa. Mas se importa pra você, então importa — pelo menos pra essa versão sua.”
— Rick, provavelmente em alguma linha do tempo

Rick and Morty não é apenas uma animação. É um espelho distorcido onde o reflexo, por mais exagerado que pareça, acaba sendo dolorosamente humano.

Rick, o gênio alcoólatra que carrega o peso de infinitos universos, e Morty, seu neto eternamente perdido entre o medo e a admiração, nos arrastam para realidades paralelas, dimensões colapsadas, clones de clones e dilemas que começam no absurdo e terminam no peito.

É ficção científica no limite da insanidade:
👉 Planetas vivos que exigem respeito.
👉 Universos inteiros guardados dentro de uma bateria de carro.
👉 Mortes que não importam porque sempre existe outra versão de você.

E, no entanto, importa.
Porque entre uma piada sobre interdimensional cable e uma corrida de fuga com Jerry, a série nos lembra que o vazio é inevitável, mas a conexão — por mais improvável que seja — ainda nos salva.

Você pode assistir rindo do nonsense ou chorar escondido no mesmo episódio. Talvez precise rever duas, três, cinco vezes. Mas cedo ou tarde entende: o sarcasmo é a máscara de uma dor que todo mundo conhece, mas que poucos têm coragem de mostrar.

No fim, Rick and Morty não é só sobre o multiverso. É sobre carregar o peso da lucidez, tropeçar no absurdo e, mesmo assim, continuar. Porque, às vezes, o vô de jaleco está certo… e é isso que mais dói.

segunda-feira, setembro 22, 2025

🧠 Reflexo Filosófico — Quem manda aqui? (Freud e o condomínio mental desgovernado)

 "O eu não é senhor em sua própria casa."

Sigmund Freud

Você acha que decidiu assistir aquele vídeo por livre arbítrio. Mas talvez tenha sido um trauma de infância misturado com um desejo reprimido e um algoritmo bem posicionado. Parabéns: sua mente é um teatro de marionetes… e você é a plateia.

Freud jogou na nossa cara o que ninguém queria ouvir: grande parte do que pensamos, sentimos e fazemos não passa pelo nosso controle consciente. O "eu", esse narrador elegante que conta a história da nossa vida, é na verdade um funcionário terceirizado tentando manter a fachada em ordem enquanto o porão pega fogo.

“O eu não é senhor em sua própria casa” — ou seja, não adianta bater no peito com convicção racional. Suas escolhas podem estar sendo tomadas por memórias enterradas, desejos proibidos, ou aquela briga de 2008 que você fingiu esquecer mas ainda influencia suas respostas passivo-agressivas no WhatsApp.

E o pior: o inconsciente não bate na porta com educação. Ele sabota. Aparece nos lapsos, nos sonhos, nas repetições, nas escolhas amorosas inexplicáveis. No impulso de abrir a geladeira sem fome. No arrependimento depois do “enviei”.

Freud não dizia isso pra desanimar. Dizia pra despertar.
Porque só quando você aceita que não está no controle é que pode começar a dialogar com as vozes do porão.

E talvez convencê-las a lavar a louça.

🎨 Desenhos Infantis Demais Para Serem de Criança

 
📌 Epígrafe:

“Esses desenhos não foram feitos para você, criança. Foram feitos para o adulto que você ainda não sabe que vai virar.”

Apenas um Show, Hora de Aventura, Gumball, Titio Avô.
Todos coloridos, todos animados, todos... profundamente perturbadores.

Esses desenhos, embalados como infantis, são na verdade tratados filosóficos disfarçados de piada visual. O nonsense que parece puro pastelão esconde temas como crise existencial, buracos dimensionais, abandono emocional e a sensação de que o mundo é um lugar caótico demais para fazer sentido.

Não são para crianças.
São para adultos cansados, comendo cereal, tentando achar propósito na segunda-feira e se vendo refletidos numa máquina de salgadinho que virou ditadora.

👉 “Apenas um Show” fala sobre rotina, tédio e alienação.
👉 “Hora de Aventura” é uma epopeia surreal sobre crescer, perder e continuar.
👉 “Gumball” escancara o absurdo da vida moderna com um humor quase cruel.
👉 “Titio Avô” é o caos absoluto — e talvez o retrato mais honesto do que é existir sem manual.

Rimos nervosos porque nos reconhecemos ali. Porque é estranho demais, mas também é familiar demais.
E, no fim, o alívio é justamente esse: até os personagens de desenho estão tão confusos quanto a gente.

🏟️ A Política do Pão e Circo e Por Que Não Gosto de MMA

  Epígrafe: "O instinto nos força a treinar para a guerra, mas a evolução nos obriga a torcer pela paz." Do Roteiro ao Sangue Rea...