A Controvérsia e o Padrão do GMAT
A inclusão de Raciocínio Crítico (RC) em exames de alto nível (como o recente da SEFAZ SP), frequentemente calcada no formato GMAT, gera controvérsia. Muitos candidatos questionam a relevância, mas educadores a defendem: é uma habilidade que falta no cotidiano.
O GMAT, como exame de entrada para os disputados MBAs nos EUA, usa o RC para medir a aptidão do candidato em analisar informações de forma lógica e fundamentada. É uma competência crucial na gestão: não basta ter dados; é preciso saber pesar as evidências, identificar premissas e tomar decisões estratégicas sob pressão.
O Vácuo Cognitivo e o Benefício Cívico
A grande questão não é se o RC é útil para um auditor ou um executivo de MBA; a pergunta é: Por que essa habilidade não é treinada desde cedo em toda a população?
No Século XXI, onde a Imediatidade domina e o ruído da informação é constante, o RC é a única autodefesa eficaz. O problema do nosso tempo não é a falta de informação, mas a incapacidade de avaliar a qualidade do que se lê ou escuta.
O treino em Raciocínio Crítico ajuda imensamente na vida. Ele fornece o vocabulário da lógica, ensinando a mente a olhar para a estrutura do argumento, e não para a emoção ou a autoridade de quem fala. E ainda permite que o indivíduo:
Identifique Falácias: Reconhecer um ad hominem (o ataque ao mensageiro, e não à mensagem) deixa de ser um termo acadêmico e se torna um escudo mental. O mesmo vale para generalizações apressadas e argumentos de autoridade.
Separe Premissa de Conclusão: A maior parte das discussões públicas falha porque os interlocutores não sabem diferenciar a evidência (premissa) da tese (conclusão). O RC obriga a mente a desmembrar o argumento e avaliar a validade da ponte lógica entre eles.
O Quádruplo Benefício do Músculo Crítico
O Raciocínio Crítico é o treino do nosso músculo analítico. As principais funções avaliadas por esse tipo de teste são, na verdade, habilidades essenciais para a vida adulta:
Pesar Evidências: Habilidade de julgar a força de uma conclusão com base nos fatos. Isso evita a adesão a ideias frágeis e politicamente apelativas.
Tomada de Decisão Estratégica: A aptidão para desenvolver planos de ação, considerando a viabilidade e a eficácia. Não é só sobre resolver problemas, mas sobre escolher o melhor caminho.
Comunicação Clara: O RC exige clareza e precisão na exposição. Quem pensa com lógica, fala e escreve com clareza.
Identificação de Suposições Ocultas: A capacidade de ver o que não foi dito. A má-fé argumentativa geralmente reside nas suposições (aquilo que o autor assumiu que o leitor aceitaria sem questionar).
O Raciocínio Crítico é mais do que uma disciplina de concurso ou MBA. É o que transforma o cidadão passivo, que apenas consome informação, no cidadão ativo que exige lógica, transparência e coerência de seus líderes, de seus colegas e, principalmente, de si mesmo.

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