Declus

Tentando tapar os buracos na minha cabeça...

segunda-feira, setembro 22, 2025

🧠 Reflexo Filosófico — Quem manda aqui? (Freud e o condomínio mental desgovernado)

 "O eu não é senhor em sua própria casa."

Sigmund Freud

Você acha que decidiu assistir aquele vídeo por livre arbítrio. Mas talvez tenha sido um trauma de infância misturado com um desejo reprimido e um algoritmo bem posicionado. Parabéns: sua mente é um teatro de marionetes… e você é a plateia.

Freud jogou na nossa cara o que ninguém queria ouvir: grande parte do que pensamos, sentimos e fazemos não passa pelo nosso controle consciente. O "eu", esse narrador elegante que conta a história da nossa vida, é na verdade um funcionário terceirizado tentando manter a fachada em ordem enquanto o porão pega fogo.

“O eu não é senhor em sua própria casa” — ou seja, não adianta bater no peito com convicção racional. Suas escolhas podem estar sendo tomadas por memórias enterradas, desejos proibidos, ou aquela briga de 2008 que você fingiu esquecer mas ainda influencia suas respostas passivo-agressivas no WhatsApp.

E o pior: o inconsciente não bate na porta com educação. Ele sabota. Aparece nos lapsos, nos sonhos, nas repetições, nas escolhas amorosas inexplicáveis. No impulso de abrir a geladeira sem fome. No arrependimento depois do “enviei”.

Freud não dizia isso pra desanimar. Dizia pra despertar.
Porque só quando você aceita que não está no controle é que pode começar a dialogar com as vozes do porão.

E talvez convencê-las a lavar a louça.

🎨 Desenhos Infantis Demais Para Serem de Criança

 
📌 Epígrafe:

“Esses desenhos não foram feitos para você, criança. Foram feitos para o adulto que você ainda não sabe que vai virar.”

Apenas um Show, Hora de Aventura, Gumball, Titio Avô.
Todos coloridos, todos animados, todos... profundamente perturbadores.

Esses desenhos, embalados como infantis, são na verdade tratados filosóficos disfarçados de piada visual. O nonsense que parece puro pastelão esconde temas como crise existencial, buracos dimensionais, abandono emocional e a sensação de que o mundo é um lugar caótico demais para fazer sentido.

Não são para crianças.
São para adultos cansados, comendo cereal, tentando achar propósito na segunda-feira e se vendo refletidos numa máquina de salgadinho que virou ditadora.

👉 “Apenas um Show” fala sobre rotina, tédio e alienação.
👉 “Hora de Aventura” é uma epopeia surreal sobre crescer, perder e continuar.
👉 “Gumball” escancara o absurdo da vida moderna com um humor quase cruel.
👉 “Titio Avô” é o caos absoluto — e talvez o retrato mais honesto do que é existir sem manual.

Rimos nervosos porque nos reconhecemos ali. Porque é estranho demais, mas também é familiar demais.
E, no fim, o alívio é justamente esse: até os personagens de desenho estão tão confusos quanto a gente.

domingo, setembro 21, 2025

🎭 Post Extra — Ninguém Espera a Nova Inquisição

 

📌 Epígrafe:
“Quando a comédia é censurada, não sobra nem a almofada da piada para nos salvar.”

“Ninguém espera a Inquisição Espanhola!” — grita o bordão que atravessou gerações, vindo do nonsense genial do Monty Python.

Na esquete, o terror histórico é parodiado por três cardeais atrapalhados que irrompem em cenas cotidianas para aplicar torturas ridículas: almofadas fofinhas, cadeiras confortáveis, escorredores de prato. O medo? A surpresa? A eficiência? Tudo se dissolve em trapalhadas, listas confusas e risadas.

Mas a graça do quadro é também o seu veneno. Porque, na vida real, a inquisição nunca avisa. Ela entra pela porta quando você menos espera. E diferente das almofadas macias, ela corta fundo.

Basta olhar ao redor. Um talk show cancelado porque o apresentador ousou criticar um governante. Um jornal processado porque publicou algo incômodo. Uma peça de teatro censurada sob pretexto moral. Uma piada que vira crime. Aos poucos, o riso dá lugar ao silêncio — e o silêncio, quando imposto, não tem nada de engraçado.

O Monty Python transformou a inquisição em caricatura, para que ríssemos da incompetência e do absurdo. Mas quando a vida real resolve imitar a arte, a piada perde a graça rápido demais.

Porque ninguém espera a nova inquisição. Mas quando ela chega, não traz almofadas.

✨ Lucille Ball e a Ponte de Comando que Ela Não Sabia que Estava Pilotando

 

📌 Epígrafe:
“Sem Lucille Ball, talvez a fronteira final nunca tivesse saído do papel.”

Lucille Ball era — e continua sendo — lembrada como a comediante genial de I Love Lucy. Risadas escancaradas, situações absurdas, um rosto que virou ícone da TV americana. Mas, nos bastidores, ela também se tornou peça-chave de algo que ninguém imaginava: a criação de Star Trek.

Quando o projeto foi apresentado, quase todos os estúdios disseram “não”. Um seriado de ficção científica, com nave espacial, filosofias sobre o futuro e elenco diverso? Parecia coisa arriscada demais para a TV dos anos 1960. Mas o estúdio de Lucille Ball, a Desilu, decidiu bancar a ideia — mesmo sem ela entender direito o conceito. Dizem que, para ela, Star Trek era apenas “uma série sobre viagens”, sem grandes pretensões.

Foi o suficiente. E assim, graças a essa aposta improvável, a USS Enterprise decolou.

O impacto vai além da ficção científica. Star Trek foi uma das primeiras séries a colocar inclusão e diversidade no centro da narrativa: um elenco com mulheres, um russo em plena Guerra Fria, um asiático em tempos de estereótipos raciais, uma oficial negra (Nichelle Nichols) ocupando posição de liderança na ponte de comando. Detalhes que hoje parecem óbvios, mas que, naquela época, eram revolucionários.

No fim das contas, a ponte de comando da Enterprise só existiu porque uma mulher risonha, conhecida por sua comédia, decidiu apostar no estranho, no improvável — e isso mudou o universo da TV (literalmente).

✨ Moral: às vezes, o futuro depende não da lógica fria dos números, mas da coragem de rir e dizer “vamos tentar”.

🕳️ Post Extra — O que acontece no Buraco Negro fica no Buraco Negro?

 📌 Epígrafe:

“Nem tudo que desafia a física é impossível — às vezes é só amor disfarçado de gravidade.”

Os físicos dizem que, depois do horizonte de eventos, tudo fica perdido. A informação cai, mas nunca volta. Nem mesmo as leis da Física — aquelas que juramos imutáveis — parecem se aplicar ali. É o ponto em que tudo e nada podem acontecer, inclusive ao mesmo tempo. (Alô, Mecânica Quântica 👋).

E é inevitável lembrar do final de Interestelar. Aquela cena que divide opiniões: emocionante para uns, um Deus ex Machina para outros. Mas ali estava Cooper, sustentado por uma promessa — “Porque meu pai me prometeu que voltaria.”

Se dentro de um buraco negro não há regras, por que não imaginar que poderia existir uma estrutura quadridimensional — talvez criada por uma civilização avançadíssima (nós mesmos no futuro?) — com a forma de uma biblioteca infinita, onde cada um pudesse percorrer as prateleiras da própria vida e mexer nas linhas do tempo?

Talvez aqui fora só consigamos calcular probabilidades. Mas lá dentro, no espaço do inexplicável, o que sobra é o imponderável.

E nesse caso, foi o amor pela Murph que atravessou dimensões e salvou a humanidade.
Mesmo que a ciência tente reduzir o amor a reações químicas, ele continua escapando das fórmulas. Talvez, no fim, seja ele a única força capaz de dobrar o tempo, o espaço e, quem sabe, salvar o dia.


sábado, setembro 20, 2025

🦙☕ Post Extra — A Lhama e o Menino-Café

 
📌 Epígrafe:

“Algumas pessoas são como lhamas: você dá o pasto, o abrigo, o carinho... e elas retribuem cuspindo na sua cara.”

As lhamas (Lama glama) são animais domesticados típicos da região andina. Serviram por séculos como animais de carga, fonte de lã e até companhia. São dóceis na maior parte do tempo, inteligentes, sociais. Mas guardam um detalhe nada poético: quando contrariadas, frustradas ou apenas de mau humor, podem cuspir. Não um cuspe qualquer — mas uma mistura de saliva e restos do estômago. Um lembrete ácido de que, apesar da domesticação, ainda carregam o instinto selvagem.

Dizem os especialistas que não é pessoal. A lhama não te odeia. Ela só cuspiu porque quis. Porque algo a incomodou. Porque… simplesmente porque sim.

E então percebi: a vida — e os relacionamentos — se parecem muito com lhamas. Você pode passar anos cuidando, oferecendo abrigo, carinho, sombra, silêncio, acreditando que o vínculo é sólido. Pode decorar manias, ritmos, preferências. Mas um dia, sem aviso, a lhama cospe. E, se deixar, vai embora sem olhar pra trás.

Alguns chamariam isso de instinto animal. Eu prefiro chamar de retrato cru do afeto humano: depois de tanto cuidado, há quem só te deixe a lembrança amarga de uma cusparada.

📜 Nota do autor:
O texto acima foi encontrado anos depois, amassado numa caixa esquecida. No rodapé, uma assinatura quase irônica, como um bilhete para ninguém:

Ass.: Menino-café.

🏃‍♂️ Post Extra — O Quarto Lugar

 
📌 Epígrafe

“Nem sempre é sobre subir no pódio. Às vezes, é sobre não desistir da corrida.”


Toda vez que assisto a uma competição que termina em pódio, minha atenção vai direto para o quarto lugar. Talvez seja o coração de concurseiro falando: sempre buscando a vaga, sempre tentando ficar entre os que “entram”.

Mas pensa comigo: esse atleta treinou tanto quanto os medalhistas, deu o mesmo suor, suportou as mesmas dores, enfrentou as mesmas renúncias. E, no final, ficou a centímetros — ou segundos — de ser lembrado.

É duro. A maioria dos esportes só celebra os três primeiros. Do quarto em diante, a narrativa vira silêncio. E esse silêncio dói.

Ainda assim, gosto de imaginar que, para alguns desses “quartos colocados”, o resultado seja motivo de orgulho. Que, mesmo com tudo contra, eles pensem: “Nossa, cheguei até aqui.” Porque, no fim das contas, a linha de chegada não conta apenas a posição: ela conta também a história de cada um que correu.

E não é isso a vida? Nem sempre conseguimos a vaga, o troféu, a medalha. Às vezes ficamos ali, no quase. E isso pode ser devastador… ou pode ser combustível. Depende de como escolhemos olhar.

Este texto é para você que já falhou, mas ainda pensa em tentar de novo. Para você que desistiu, mas sente a chama voltando. Para você que está cansado, mas ainda carrega no peito a lembrança de por que começou.

✨ A vida é feita de eternas tentativas. Não se mede só pelo ouro, prata ou bronze. Se mede também por cada recomeço, cada insistência, cada chegada — mesmo que seja em quarto lugar.

📌 Pensamento Final
As corridas de rua entenderam bem isso: no pódio só sobem três, mas todos que cruzam a linha recebem uma medalha. Não é pelo “o importante é participar”. É pelo “nós reconhecemos o quanto você lutou para chegar até aqui — e isso também merece ser celebrado”.

Então siga. Continue lutando.
O quarto lugar também é vitória.

🏟️ A Política do Pão e Circo e Por Que Não Gosto de MMA

  Epígrafe: "O instinto nos força a treinar para a guerra, mas a evolução nos obriga a torcer pela paz." Do Roteiro ao Sangue Rea...