“Conversamos sobre não gritar. Gritando.”
No começo, era tudo Marshall Rosenberg.
Empatia, escuta ativa, girafas e chacais como metáforas de linguagem. Um casal que lia o mesmo livro, conversava sobre sentimentos e trocava mensagens com emojis conscientes.
Um ano depois, o relacionamento acabou… com uma comunicação que faria o autor chorar em posição fetal.
A ironia é cruel: teorizar a empatia é fácil; praticá-la no calor da mágoa, nem tanto. A distância entre “escuta ativa” e “eu já não aguento mais” é bem menor do que os manuais de convivência sugerem.
No fim, as palavras perderam o peso da teoria e ganharam o peso do cansaço. O diálogo virou ruído, e a escuta virou silêncio. A comunicação não violenta “evoluiu” para a ausência de comunicação — e, talvez, esse tenha sido o melhor caminho.
📝 Nota do autor: até hoje encontro a pessoa e, no máximo, rola um “bom dia”… às vezes nem isso. A comunicação não violenta acabou se transformando em não comunicação — e talvez essa tenha sido, ironicamente, a forma mais pacífica de seguir.
Porque há momentos em que não falar já é a forma mais honesta de falar.
E às vezes, a empatia que sobra é apenas a de reconhecer que não dá mais.