A Esteira Rolante da Insatisfação
A Síndrome do Nunca é Suficiente (SNS) é a doença do nosso século. Não é uma ambição saudável; é uma ansiedade de performance.
Nós somos ensinados que a vida é uma constante escalada:
Mais dinheiro.
Mais status social.
Mais felicidade performática (aquela que tem que ser mostrada).
Mais hábitos otimizados (lembramos do mito do hábito duradouro?).
O problema da SNS é que ela nos rouba o presente, pois o foco está sempre no futuro, no "próximo nível". O sucesso de hoje é apenas o degrau para o fracasso de amanhã, pois você já está atrasado para a próxima conquista. Você está sempre competindo com a sua versão idealizada de "Mais".
Você se torna um escravo do próprio potencial: "Eu deveria ser mais e, portanto, o que sou agora é falho."
A Revolução do Não-Ser
É nesse ponto de exaustão que surge o pensamento mais libertador de todos.
Se a vida é uma eterna corrida para ser mais, mostrar mais, e agradar um júri invisível (a sociedade, a família, o feed), o que acontece quando você decide simplesmente não correr?
Aí entra o grande contra-argumento, a resignação que vira revolução: "Quando você não é, e nem quer ser."
Essa frase é o desmonte de toda a arquitetura de performance da vida moderna. Ela quebra a tirania da validação em três níveis:
Rejeição Externa: Você não se importa em agradar o mundo ("não estou aqui pra agradar...").
Rejeição Interna (Otimizada): Você rejeita a pressão de se encaixar no seu próprio ideal de sucesso ("nem quer ser [mais]").
Rejeição Profunda: Você abandona a luta fundamental do ego ("...nem a mim mesmo").
O Eu não precisa de aprovação nem mesmo da própria consciência crítica.
O Fim da Performance
A Síndrome do Nunca é Suficiente prospera na comparação e na vaidade. A frase "não estou aqui pra agradar nem a mim mesmo" anula o jogo.
É um convite para o descanso existencial.
O adulto resignado (lembra dele?) não luta mais por mais poder; ele luta por mais silêncio e conforto. Mas o Não-Eu vai além: ele encontra a paz não na otimização, mas na aceitação passiva e irônica do que simplesmente é.
Talvez o verdadeiro sucesso não seja a construção de uma identidade infalível, mas a rendição ao fato de que não somos uma identidade fixa. Somos um fluxo.
E nessa aceitação de que você não é o que o mundo quer, nem o que sua mente exige, é que mora a única satisfação que o dinheiro e o status nunca podem comprar: a liberdade de ser incompleto.



