Declus

Tentando tapar os buracos na minha cabeça...
Mostrando postagens com marcador tempo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador tempo. Mostrar todas as postagens

domingo, setembro 07, 2025

📌 Post Extra — “Nada Importante Aconteceu Hoje”

 
A frase já foi atribuída a reis diferentes, em dias que mudaram o mundo.

Dizem que Luís XVI, rei da França, teria escrito em seu diário, em 14 de julho de 1789:

“Nada importante aconteceu hoje.”
O mesmo dia em que a Bastilha caiu e a Revolução Francesa começou.

Dizem também que George III, rei da Inglaterra, teria registrado no diário em 4 de julho de 1776:

“Nothing of importance happened today.”
O mesmo dia em que os Estados Unidos declararam sua independência.

Historiadores discutem a veracidade. Talvez nunca tenham dito. Mas não importa: o mito já basta. A frase virou símbolo de ironia histórica — o lembrete de que o hoje, tão banal, pode ser o ontem grandioso de amanhã.

E, cá entre nós, quem nunca teve vontade de usar a mesma frase?
— Quando o mundo comemora uma eleição que você vê como desastre.
— Quando um amor antigo aparece com alguém novo.
— Quando a vida insiste em mudar de rumo, e tudo o que você queria era um botão de skip.

O “nada importante aconteceu hoje” é, no fundo, um mecanismo de defesa. Uma forma de tentar desbotar a dor, minimizar a perda, negar a mudança. Um jeito de dizer: “Se eu fingir que nada aconteceu, talvez doa menos.”

Mas a história ensina outra coisa: por mais que alguém declare que nada importa, os dias não pedem licença. A Bastilha cai, a independência é proclamada, o coração se quebra. E, ainda assim, o tempo segue registrando.

Talvez a frase seja menos sobre negar os acontecimentos e mais sobre reconhecer nossa pequenez diante deles. Porque, no fundo, sempre há algo acontecendo — seja no palco da história, seja no palco íntimo da vida.

Epígrafe:
“Às vezes, dizer que nada aconteceu é só outra forma de confessar que tudo mudou.”

terça-feira, agosto 19, 2025

O Tempo Não Existe (Mas Chega Todo Dia)

 
Dizem que o tempo é uma ilusão.

E não é só conversa de hippie iluminado à beira de uma fogueira.
Albert Einstein, com toda a autoridade de quem praticamente dobrou o tecido do universo no papel, dizia que passado, presente e futuro coexistem — a diferença é apenas o ponto de vista do observador.

Para algumas tradições budistas, o tempo é apenas uma construção mental. O “agora” é a única coisa real — e ele nem dura, porque se dissolve no instante em que tentamos percebê-lo.

📅 Entre relógios e boletos
O problema é que, ilusão ou não, o tempo parece extremamente pontual para certas coisas. Boletos vencem. Prazos chegam. O Google Calendar não perdoa. O aniversário que você esqueceu continua esquecido, e a mensagem “Parabéns atrasado” não apaga o fato.

Talvez seja por isso que vivemos em uma relação paradoxal com o tempo: intelectualmente, podemos até aceitar que ele não é uma linha reta objetiva… mas no dia a dia, seguimos correndo atrás dele como se fosse um trem que nunca para.

A física contra o senso comum
A relatividade especial de Einstein mostrou que o tempo pode dilatar.
Se você viajar próximo à velocidade da luz, seu relógio interno vai marcar menos tempo do que o relógio de quem ficou em casa. A gravidade também entra na brincadeira: quanto mais intensa, mais devagar o tempo passa.

Na prática, isso significa que o “tempo” não é absoluto. É local. É relativo ao seu movimento e à sua posição no universo.
Ou seja: sua reunião de segunda-feira pode durar eternidades, enquanto um café com amigos passa num piscar de olhos — e a física, de certo modo, concorda.

🧘 A filosofia do instante
Para o budismo, pensar no tempo como algo linear é um dos grandes erros que alimentam nosso sofrimento. O passado é memória, o futuro é imaginação, e o presente… bom, o presente é só o que existe, e mesmo assim só enquanto não estamos distraídos com outra coisa.

Seja por meditação, respiração ou atenção plena, o objetivo é “habitar” esse agora. Não para negá-lo, mas para evitar que ele escorra entre os dedos enquanto perseguimos um amanhã que nunca chega.

💼 Cronogramas e atrasos crônicos
A vida moderna, porém, foi construída para nos manter reféns de um tempo que não existe. Cronogramas, agendas digitais, relógios inteligentes — tudo gira em torno de otimizar minutos e segundos, como se estivéssemos guardando moedas num cofrinho.

Mas essa obsessão cria o que alguns chamam de “atraso crônico existencial”: aquela sensação de estar sempre devendo algo, mesmo quando cumprimos todos os prazos. Uma dívida invisível com um credor que não existe.

🚪 Quando o tempo bate à porta
O mais curioso é que, mesmo que o tempo seja uma ilusão, não conseguimos escapar de suas consequências. Envelhecemos. Ciclos acabam. O dia termina.
E toda noite, antes de dormir, temos a prova mais silenciosa disso: mais um dia foi riscado do calendário — mesmo que, em algum canto da física teórica, ele ainda esteja acontecendo.

🔄 Talvez…
Talvez viver bem não seja lutar contra o tempo ou fingir que ele não existe, mas escolher quais “ilusões” valem o nosso investimento.
Se o relógio vai continuar girando, que pelo menos cada volta seja preenchida com algo que faça sentido.


💭 Epígrafe: “O tempo pode ser uma ilusão, mas é nele que guardamos todas as nossas histórias.”

sábado, junho 28, 2025

O Dia em que o Tempo Quase Parou

 

🌍 Em 26 de dezembro de 2004, enquanto o mundo ainda digeria as sobras do Natal, a Terra tremeu.

O terremoto no Oceano Índico atingiu 9.1 na escala Richter. Foi tão poderoso que provocou um tsunami devastador e — detalhe quase irreal — mexeu com o eixo de rotação do planeta.

🕰️ O abalo foi tão profundo que encurtou os dias. Literalmente.
Segundo a NASA, o evento reduziu a duração do dia em alguns microssegundos.
Quase imperceptível, mas real.
O tempo, que parecia imutável, sofreu um tropeço.


🌊 Rios mudaram de curso. Costas desapareceram.

O tsunami resultante foi um dos mais letais da história moderna: mais de 230 mil mortos em 14 países.
Cidades engolidas. Vidas interrompidas.
E, em alguns lugares, os rios passaram a correr em outra direção.

Sim: a Terra se reconfigurou.
Um leve deslocamento no subsolo, e o mundo como conhecíamos — o tempo, o espaço, a geografia — já não era o mesmo.


🧠 Mas o que nos inquieta talvez não seja a tragédia em si, mas a constatação:

👉 Não temos controle.

Vivemos como se o tempo fosse estável, o chão fosse firme, e o amanhã fosse certo.
Mas basta um evento como esse para revelar o quanto tudo é por um triz.
Uma rachadura. Um tremor. Uma falha imperceptível.
E a engrenagem muda.


🧩 E quando tudo treme, o que permanece?

Talvez a solidariedade.
As reconstruções.
As histórias de quem sobreviveu — e de quem recomeçou.
Talvez a memória.
Ou aquele estranhamento silencioso diante do fato de que o planeta segue girando, mesmo depois de ter sacudido o próprio eixo.

🌪️ E a gente também segue.
Com a rotina.
Com os boletos.
Com o celular vibrando.
Mesmo sabendo, lá no fundo, que tudo pode se alterar num instante.


💡 Mas há beleza nesse reconhecimento.

Saber que o tempo é frágil nos ensina a valorizá-lo.
Saber que o mundo é instável nos convida à humildade.
Saber que o controle é ilusão nos dá, paradoxalmente, uma nova forma de liberdade.

Porque se não podemos garantir o tempo…
Podemos, ao menos, estar nele com mais presença.


📎 Em 2004, o tempo quase parou.
Ou quase mudou para sempre.
E talvez a pergunta mais importante não seja “por quê?”, mas:
O que você faria se soubesse que, de repente, o mundo pode girar um pouco mais rápido — ou parar de vez?

🌱 Post Extra — Zona de Conforto (ou pelo menos tentando chegar nela)

  📌 Epígrafe: “ Fortis fortuna adiuvat ” — A sorte favorece os corajosos. (tatuagem inscrita nas costas de John Wick ) Sempre ouvi que “...