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Tentando tapar os buracos na minha cabeça...
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sábado, novembro 08, 2025

🌌 Amor, Gravidade e Outras Forças Instáveis

 Epígrafe: "Algumas pessoas te atraem como um buraco negro — o problema é que, quando você chega perto, percebe que a matéria já evaporou."

A Lei da Gravitação Inversa dos Relacionamentos

Há quem diga que o amor é uma força da natureza. Eu discordo. Acho que o amor é uma força da física teórica, instável e imprevisível.

No meu caso, funciona mais ou menos assim: à distância, sou praticamente um campo gravitacional irresistível. Atraio olhares, simpatias, mensagens... É um espetáculo de magnetismo afetivo, alimentado pela projeção e pelo mistério.

Mas, conforme alguém se aproxima, o encanto começa a obedecer à minha própria Lei da Gravitação Inversa dos Relacionamentos: quanto menor a distância, menor a força da atração.

De longe, eu pareço legal. De perto, parece que eu tô de longe.

Talvez seja esse o verdadeiro paradoxo da intimidade: quanto mais a gente se aproxima, mais visíveis ficam as crateras e as falhas da superfície emocional. E, convenhamos, ninguém quer pousar em terreno acidentado quando busca um romance.

O Dossiê da Realidade

Um antigo professor de guitarra me dizia que o ideal seria que, nos primeiros encontros, cada um já entregasse um dossiê completo de defeitos. "Pra quê perder tempo?", ele dizia.

Imagine só a cena: "Oi, prazer, eu sou ansioso, falo demais quando estou nervoso, esqueço datas importantes e demoro pra responder mensagens porque perdi o celular no sofá. Segue meu histórico de traumas não resolvidos."

Acho que ninguém mais chegaria ao segundo café.

Mas talvez fosse mais honesto. Porque, sejamos sinceros, à distância todo mundo é bonito, culto e espiritualmente evoluído. É só a convivência começar que o romantismo evapora e sobra a versão beta instável da realidade, cheia de bugs e updates inesperados.

A Turbulência Necessária

No fundo, é bom saber rir disso. Porque a gravidade emocional que nos aproxima também é a que inevitavelmente faz a queda do encanto inicial.

E tudo bem — talvez o amor verdadeiro não seja a atração à distância, mas justamente encontrar alguém que suporte a turbulência da reentrada atmosférica.

Enquanto esse pouso seguro não acontece, sigo por aqui: uma massa emocional errante, orbitando o caos afetivo, emanando charme intermitente e puxando (com moderação) corações desavisados para minha zona de instabilidade.

Afinal, como diria o comediante Nando Viana:

“Se olhar rapidão, eu sou bonito. Se demorar...eu falei que era pra olhar rapidão...”


quinta-feira, outubro 16, 2025

🍿 Pipoca no Algodão-Doce (ou: O Valor do Roleplay da Vida)

 "Nem toda má ideia é um erro. Às vezes, é só um novo sabor."

O Doce Empelotado

Estava lembrando de uma cena antiga de Charlie Brown — ou, como o desenho ficou carinhosamente conhecido por aqui, Snoopy.

No episódio, Charlie compra um algodão-doce e a Patty Pimentinha, animada, sugere colocar pipoca em cima. Mas, claro, ela faz isso no algodão-doce dele, não no dela.

O resultado? Um doce empelotado, estranho — uma invenção agridoce que não deu certo — e aquele silêncio constrangedor típico dos Peanuts.

Patty logo esquece o que fez, partindo para a próxima ideia. Charlie não. Ele fica ali, com o algodão desfigurado na mão, resignado. Porque é isso que o Charlie faz: aceita o que o mundo entrega, mesmo quando o mundo está claramente errado ou é ligeiramente caótico.

A Síndrome de Charlie Brown

E quantas vezes somos assim?

Aceitamos a ideia alheia, o convite duvidoso, a sugestão de "vai ser divertido" ou o "vamos tentar esse atalho" — e depois ficamos presos na situação, pensando: "Como diabos eu vim parar aqui, com pipoca no meu algodão-doce?"

A tendência é focar na frustração e na má ideia.

Mas talvez a moral da história não seja sobre evitar a pipoca no algodão-doce. Talvez seja sobre aprender a distinguir o trauma do aprendizado.

Nem toda experiência ruim é perda. Às vezes, é só um gosto novo que não esperávamos provar — um sabor estranho, mas que nos ensina algo sobre o que gostamos e o que podemos tolerar.

O Risco da Mistura

Então, da próxima vez que te chamarem para algo diferente — um curso de cerâmica inesperado, uma viagem de última hora para um lugar que você nunca considerou, ou um pulo de paraquedas —, talvez valha o risco.

O pior que pode acontecer é ter pipoca no seu doce. O melhor? Descobrir que a mistura, embora estranha, é o que faltava na sua rotina.

Afinal, a vida é isso: um parque de diversões meio melado, meio salgado. E você não precisa ser um Charlie Brown resignado, mas pode ser um aventureiro disposto a aceitar o novo sabor.


terça-feira, outubro 14, 2025

💻 Esse Post Não É Sobre Manutenção de Computadores

 "O barulho que te incomoda pode ser só o aviso de que algo parou de girar faz tempo.”

O Vilão Silencioso

Hoje acordei mais cedo e decidi abrir o computador para uma limpeza. Nada demais — só aquele ritual de tirar o pó, dar uma geral e fingir que sou técnico da NASA.

Mas no meio da faxina, percebi o verdadeiro vilão do ruído e do sobreaquecimento que me irritava há semanas: um dos coolers do watercooler simplesmente... não girava mais.

Estava travado. Parado. Só empurrando o ar com a força da boa vontade.

De 2017 até agora, ele esteve ali — firme, silencioso e cada vez mais ineficiente. E o mais curioso: o sistema ainda funcionava. Com calor, com barulho, com desempenho caindo... mas seguia funcionando. Até que um dia, o travamento seria inevitável.

Limpei, lubrifiquei, deixei rodar de novo — e, de repente, tudo ficou mais leve, mais silencioso, mais fluido.

A Metáfora da Placa-Mãe

E claro: esse post não é sobre manutenção de computadores. É sobre as relações (e talvez sobre você).

Quantas vezes a gente mantém "o sistema" rodando — um namoro, uma amizade, um emprego — mesmo com as peças travadas? Empurra a poeira pra debaixo da placa-mãe e diz "tá tudo bem", enquanto o calor emocional vai subindo até fritar os circuitos.

Um dos dois lados sempre percebe antes. Um nota que o cooler parou de girar. O outro finge que é só o barulho normal da vida. Até que vem o travamento — o término, o colapso, a temida tela azul dos sentimentos.

E quando chega a hora da manutenção, dói. Porque limpar é admitir que estava sujo. Lubrificar é aceitar que o tempo resseca até o que parecia eterno.

Mas, se você faz isso, o sistema respira. O ruído diminui. E a performance da vida volta — silenciosa, fluida, como se dissesse: "agora sim".

No fim das contas, não é sobre PCs, nem sobre corações partidos. É sobre não esperar a máquina travar para perceber que amor, amizade e paz mental também precisam de manutenção preventiva.

🎧 O Eremitismo Mental Produtivo (A Arte de Ligar o Botão Fd-$)

  Epígrafe: "O mundo é como uma notificação irritante: você precisa silenciá-lo para conseguir ler o que está escrito dentro de si....