Declus

Tentando tapar os buracos na minha cabeça...
Mostrando postagens com marcador finitude. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador finitude. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, outubro 09, 2025

🌻 Sobre Girassóis e a Finitude da Vida: A Gratidão da Curva

 

"Alguns olham o girassol e pensam na luz. Eu penso na sombra que ele deixará quando se for."

O Presente Anônimo do Psitacídeo

Tava eu aqui olhando um girassol do jardim — um presente anônimo, talvez trazido por algum psitacídeo jardineiro — e percebi que ele acabou de se abrir.

Bonito, altivo, olhando para o sol com a confiança de quem acredita que a claridade é eterna. Ele é a própria personificação da esperança vertical.

Mas, diferentemente dele, eu sei o que vem depois. Em breve, ele vai murchar e morrer. É a vida dele — e, de certa forma, a nossa também.

Da Busca Pelo Propósito à Aceitação do Tempo

Lembrei de um dos meus primeiros textos, lá do longínquo 2009, quando eu ainda tentava entender o propósito das pequenas vidas (as drosófilas).

Naquela época, eu buscava a razão de ser. Hoje, tento entender o valor do tempo entre nascer e murchar. Talvez eu tenha ficado mais irônico — ou apenas mais consciente de que o ciclo não tem piedade, mas tem uma beleza inegável.

O girassol nos ensina a lição da presença total. Ele não foge da luz com medo de queimar ou de que o tempo acabe. Ele simplesmente vive enquanto há sol.

E quando o sol se vai e o outono chega, ele se curva — não em derrota ou em lamentação, mas em gratidão pela luz que recebeu.

A Morte como Fechamento de Cortinas

A morte não é o fim do espetáculo, a grande tragédia que cancela o sentido de tudo. É só o fechamento das cortinas para quem cumpriu bem o papel na peça.

O maior desperdício de tempo não é a finitude, mas o medo de vivê-la.

Então, enquanto o tempo insiste em passar e a urgência nos cobra, talvez o melhor seja fazer como o girassol: virar o rosto para a luz, mesmo sabendo que o outono virá.

quinta-feira, agosto 28, 2025

📌 Post Extra — Quem vai primeiro?

 
Existe um segredo não dito em qualquer relação de amor: alguém sempre vai embora primeiro.

E, de algum jeito cruel e inevitável, esse é o verdadeiro contrato que assinamos sem ler as letras miúdas.

A cena já virou meme de sabedoria contemporânea: Stephen Colbert pergunta a Keanu Reeves o que acontece quando morremos. O ator, sem pausa, sem filosofia rebuscada, responde apenas:
— “Aqueles que nos amam sentirão nossa falta.”

Fim. Checkmate. Derrubou a mesa.
De repente, já não importa se há vida após a morte, reencarnação, paraíso ou um upload de consciência na nuvem. O que importa é quem fica.

Talvez por isso, às vezes, brote em nós uma vontade quase infantil de “partir primeiro”. Não por bravura, mas por medo: para não carregar o peso da ausência, o silêncio da casa, a cadeira vazia na mesa. Um pedido secreto para que o outro assine a parte mais amarga do contrato.

Mas amar é justamente o contrário: é aceitar esse risco. É abraçar a possibilidade da dor. É saber que a vida é um jogo de dados viciados — e que, inevitavelmente, alguém vai sentir a ferida do “primeiro adeus”.

No fundo, a pergunta nunca foi “quem vai primeiro?”, mas sim: estamos vivendo de tal forma que, quando esse dia chegar, a nossa falta será sentida?


Epígrafe
"Amar é arriscar a ausência do outro. E ainda assim, continuar."

🎧 O Eremitismo Mental Produtivo (A Arte de Ligar o Botão Fd-$)

  Epígrafe: "O mundo é como uma notificação irritante: você precisa silenciá-lo para conseguir ler o que está escrito dentro de si....