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Tentando tapar os buracos na minha cabeça...
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domingo, julho 20, 2025

📌 Post Extra — A Taturana que Sonhava com o Uruguai

🪱 “O mundo é vasto, e uma taturana com coragem pode ir mais longe que muita gente de mala pronta.”


Tudo começou numa manhã qualquer —
daquelas em que a gente sai meio no automático, sono no rosto, esperança no bolso.

Cheguei ao ponto de ônibus, encostei distraidamente, esperando mais um daqueles trajetos mornos e previsíveis.
E assim segui, embarcando no coletivo como quem embarca na rotina.
Mas, ao contrário do que imaginei, aquele não seria um dia comum.
Porque eu… carregava uma clandestina.

Ali, disfarçada na dobra da blusa, ela se mexia discretamente: uma taturana.
Daquelas misteriosas, cabeludas, que parecem saídas de um filme do Miyazaki —
só que com potencial dermatológico preocupante.


O ônibus já tinha partido.
Descer não era mais uma opção.
E, convenhamos, pedir para o motorista parar “porque tem uma taturana no meu ombro” não parecia convincente.

Respirei fundo.
Improvisando com a serenidade de quem já aprendeu que a vida é, em essência, imprevisível,
acomodei a criatura na cortina da janela.
Ela não protestou. Apenas subiu, devagar, com a elegância de quem já fizera isso antes.


Mais tarde, contei o caso para minhas irmãs —
e, como toda boa família que sabe rir da própria sorte,
a taturana virou protagonista de uma saga paralela.

Foi lavada por mangueira de pressão?
Assustou outro passageiro desavisado?
Ou — essa foi a favorita — seguiu viagem até o Terminal do Tietê,
pegou um ônibus pra Bragança e nunca mais olhou pra trás?


Talvez, numa reviravolta cosmopolita, tenha ido pra Aparecida,
pegado carona até o Galeão,
voado como passageira secreta pra Buenos Aires,
e hoje viva em Montevidéu, reinventada, feliz, com nome novo e sotaque castelhano.


Porque, veja bem…
Todo mundo merece uma chance de recomeçar.

📎 Até mesmo uma taturana,
📎 que um dia, por acaso ou coragem,
📎 pegou carona numa blusa alheia e decidiu não voltar.


🧳 E talvez esse seja o segredo das metamorfoses:
não o casulo, mas o impulso de embarcar.

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