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Tentando tapar os buracos na minha cabeça...
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quinta-feira, setembro 25, 2025

✨ Entre a Lucidez e a Loucura: O esforço humano de segurar o pensamento

 "Quem me dera ser essencialmente sagaz, como a serpente. Mas eu quero o impossível, porque eu quero que a minha sagacidade caminhe ao lado da minha lucidez. Mas um dia, quando a minha sagacidade for embora — ah, como ela gosta de voar! — possa então a minha lucidez caminhar ao lado da minha loucura."Nietzsche

O Gênio e o Abismo da Mente

Às vezes, penso que Nietzsche não estava escrevendo apenas para o mundo, mas tentando segurar a própria mente antes que ela se perdesse. É quase impossível ler esse trecho de Assim Falou Zaratustra sem lembrar de sua trajetória: o gênio que tocou o sublime da filosofia, mas que também mergulhou no abismo de sua própria loucura. A citação é um prenúncio, um pedido desesperado para que, na ausência da volátil sagacidade (que ele descreve como gostando de voar), restasse a dignidade da lucidez.

E aí eu olho para mim, e o medo é real. Tenho pavor da velhice quando ela vem acompanhada de palavras esquecidas, pensamentos embaralhados e memórias esfarelando como papel velho.

A Resistência Pessoal

Talvez por isso a gente mantenha a cabeça ocupada de forma quase frenética: escrevo, leio, reflito, estudo. Não porque ache que posso escapar daquilo que o tempo ou a biologia podem inevitavelmente trazer. Mas porque é a minha forma de resistir o quanto der. É como um último e teimoso esforço de manter o navio à tona.

Sei que não existe garantia. A vida não tem seguro contra a perda de si mesmo. Mas se a sagacidade, como Nietzsche escreveu, é volátil e traiçoeira, que ao menos reste a lucidez.

E, se um dia, até a lucidez me faltar, que reste uma pitada de loucura 🤡— mas não a que destrói, não a que leva ao silêncio. Que reste a loucura que inventa, que cria mundos coloridos, que se recusa a deixar a vida virar apenas rotina e marasmo.

No fim, entre a lucidez e a loucura, o mais humano e o mais nobre talvez seja esse esforço diário de segurar o pensamento, de se manter presente, de resistir ao esquecimento. Nem que seja por mais um dia.


segunda-feira, agosto 04, 2025

🧠 Reflexo Filosófico — Torna-te quem tu és (Nietzsche e a síndrome do avatar)

 "Torna-te quem tu és."

Friedrich Nietzsche

Que belo conselho… até você lembrar que nem sabe exatamente quem é. E que talvez sua versão atual tenha sido construída por algoritmos, influenciadores e traumas mal resolvidos desde 2009.

Nietzsche não estava oferecendo um “siga seu coração” motivacional de autoajuda. Ele estava lançando um desafio brutal: descobrir o que há em você que ainda não nasceu, e fazê-lo viver — mesmo que isso custe a destruição da persona socialmente confortável que você cultiva.

Ser “quem você é” não é reencontrar uma essência perdida num retiro espiritual, mas um processo ativo, criativo e doloroso. É demolir máscaras, desconstruir hábitos herdados, rasgar fantasias de aprovação alheia. Nietzsche falava de autenticidade como uma obra de arte — e não como um "teste de personalidade em 7 perguntas".

Só que vivemos tempos onde performar ser autêntico virou tendência. Exibimos versões editadas de nós mesmos em vitrines digitais — ora ousados, ora vulneráveis, sempre calculados. Não somos “quem somos”, mas “quem parece engajar melhor”.

Talvez por isso essa frase continue a incomodar. Porque no fundo sabemos que ser realmente autêntico exigiria abrir mão de muito. Inclusive da segurança confortável de parecer interessante.

Então, quem é você quando o Wi-Fi cai?

🇯🇵 O Soldado Que Lutou Contra o Fim da Guerra (e o Medo de Acreditar na Paz)

  "Nem toda paz é fácil de acreditar. Especialmente depois de tanto tempo na trincheira." A Guerra que Terminou Lá Fora, Mas Não D...