Hermes — o mensageiro, o veloz, o intermediador —
provavelmente estaria cortando as ruas de moto elétrica,
mochila térmica nas costas,
e notificações no pulso.
📎 A pressa virou sagrada.
E o mensageiro virou entregador.
🕊️ Quem era Hermes, afinal?
Filho de Zeus, veloz como o vento,
Hermes era o único que circulava entre os mundos:
olímpico, humano e subterrâneo.
📎 Levava mensagens entre deuses.
Guiava almas ao Hades.
Protegia comerciantes, ladrões e viajantes.
Era o deus do movimento.
E talvez por isso continue tão atual.
⚡ Na era do imediatismo, Hermes virou algoritmo
Ele não para.
Não espera.
Não questiona.
📎 O Hermes de hoje entrega pizza,
leva o chip do seu novo celular,
traz a encomenda do livro que você disse que ia ler.
É ágil.
Preciso.
Quase invisível.
E, muitas vezes, invisibilizado.
📍 A divindade da velocidade ganhou crachá — e perdeu o altar
Vivemos cultuando a entrega rápida,
o rastreio em tempo real,
a satisfação instantânea.
📎 Mas esquecemos do mensageiro.
Do corpo que atravessa a cidade.
Do tempo que se esvai entre um “chegando!” e outro.
Hermes ainda corre — mas ninguém mais deixa oferenda.
🧠 O que estamos mediando, afinal?
Hermes era ponte entre mundos.
Hoje, somos nós as pontes —
entre tarefas, telas, mensagens, compromissos.
📎 E talvez, no meio disso tudo,
tenhamos perdido o sentido da mediação.
De ouvir.
De interpretar.
De transmitir algo mais do que apenas... objetos.
⏳ Nem o sagrado escapa da pressa
O tempo virou moeda.
O silêncio virou luxo.
E até os deuses precisam agendar.
📎 Se Hermes aparecesse agora com uma mensagem divina,
provavelmente perguntariam:
“Tem como deixar na portaria?”
💭 E se o divino ainda se manifestasse no deslocamento?
Na pausa entre um ponto e outro.
No som de uma moto passando.
No bilhete deixado no portão.
Na respiração ofegante de quem corre — e entrega.
📎 Talvez o sagrado nunca tenha ido embora.
Só ficou mais… apressado.
📎 Hermes ainda anda por aí.
Mas em vez de sandálias aladas,
usa tênis gasto.
Em vez de asas, um QR Code.
E segue fazendo o que sempre fez:
ligando mundos, mesmo que ninguém perceba.