Empatia é linda nos livros e nos discursos motivacionais — e exaustiva na vida real.
É o dom e a maldição de quem enxerga o mundo através de um coração aberto demais. Você escuta, acolhe, entende as nuances e, conscientemente ou não, carrega as dores e as incertezas dos outros como se fossem suas. Tenta ser o porto seguro, o ouvido que nunca julga, o ombro sempre disponível.
E um dia acorda exausto — não do mundo ou da pessoa que você ajudou, mas de si mesmo.
Esse é o cansaço da empatia, um tipo de fadiga emocional que surge quando a compaixão se torna rotina e o "sentir junto" deixa de ter limite. Não é falta de amor. É excesso de investimento emocional. E, como qualquer excesso, ele cobra um preço de saúde mental e física.
Vivemos numa época em que a dor virou conteúdo, a tristeza virou feed e o sofrimento é comentado, curtido, e compartilhado numa escala global.
E quanto mais expostos a essa torrente de notícias e dramas, mais parece que precisamos sentir tudo em tempo integral: indignar-se, chorar, abraçar todas as causas, salvar o mundo com a nossa atenção.
Mas ninguém, absolutamente ninguém, aguenta salvar o mundo todos os dias. Essa é uma expectativa tóxica que a sociedade impõe aos mais sensíveis.
A Chama e o Oxigênio
Ser empático não é sentir tudo — é saber quando e como sentir.
É reconhecer o próprio limite sem se culpar por isso. É entender que não é desumanidade se preservar; é simplesmente humanidade com horário de descanso. Você não é menos bondoso por proteger o seu próprio reservatório de energia.
A empatia é uma chama bonita e essencial para a conexão humana. Mas, assim como qualquer chama, ela precisa de oxigênio para respirar e de vez em quando, de um pouco de escuridão para descansar e continuar brilhando com intensidade no momento certo.
Reserve sua luz.



