"A matemática resolve a conta. A filosofia, é quem paga a logística."
O Óbvio que Esconde o Abismo
O meme de tiozão é o óbvio embrulhado em uma falsa profundidade. A premissa é irrefutável: "A cada 10 pessoas, metade são 5."
A minha resposta imediata, porém, é menos cartesiana: depende de qual metade você guardou no freezer. 🥶
Matematicamente, a conta está certa. Mas a nossa cabeça, sempre buscando o drama, nos leva a pensar no absurdo: se pegamos as 10 pessoas e cortamos cada uma ao meio, o que sobra não são "5 pessoas". O que sobra são 10 metades. A quantidade de pedaços que resta é 10, mas a lógica biológica, moral e até a logística (quem vai limpar o chão?) desmoronam.
O Problema da Identidade Fatiada
É aqui que o meme, sem querer, toca em uma questão filosófica clássica: o Problema da Identidade.
Se eu junto metades de corpos diferentes, tenho uma nova pessoa ou um Frankenstein de identidades? E se cada pedaço carrega parte da memória, o "todo" reconstruído ainda é o mesmo indivíduo?
Isso nos remete ao famoso dilema do Navio de Teseu: quando você substitui cada tábua velha por uma nova, em que momento o navio deixa de ser o mesmo navio? No nosso caso: quando você corta o indivíduo, ele ainda pode ser contado como um?
Ou seja, a piadoca de tio esconde uma questão séria: o que define quem somos — a soma das partes ou a continuidade da identidade?
Moral da História:
Metade de 10 pode até ser 5. Mas metade de uma pessoa nunca será "meia pessoa", e o resultado final da contagem pode ser o mesmo, mas o drama é totalmente diferente. Matematicamente, o meme está certo; moralmente, logisticamente e dramaticamente, está tudo errado.