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Tentando tapar os buracos na minha cabeça...
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terça-feira, setembro 09, 2025

🎬 Post Extra — Finais que Apertam o Coração

 De vez em quando a gente tropeça num filme ou livro que dá aquela apertada inesperada no peito. Às vezes já estamos prontos para isso, mas muitas vezes o soco vem de surpresa.

Lugar-comum falar de À Espera de um Milagre ou À Procura da Felicidade, que nos despedaçam e, ao mesmo tempo, consolam. Ou do final aconchegante de Um Sonho de Liberdade, depois de tantos percalços. Há os espetaculares, como o de Interestelar, com a promessa cumprida no tempo errado — e, ainda assim, no tempo certo. Ou os tristes, como A Chegada, que desde o início sussurra: “vai doer, mas você vai até o fim comigo”.

Nos livros, o impacto é ainda mais íntimo. Em Flores para Algernon, a revolta contra a crueldade do mundo vem junto com a empatia pelo personagem. Em O Cordeiro, que parecia apenas uma comédia debochada, o final escancara uma seriedade inesperada. O Apanhador no Campo de Centeio fecha suave, como um abraço discreto. Já em O Dia do Curinga, subestimado perto de seu “irmão famoso”, tudo se amarra de forma quase mágica. E, recentemente, Devoradores de Estrelas me arrancou lágrimas com um desfecho que eu jamais esperava — e que torço para o cinema não ousar estragar.

Não são finais felizes que me perseguem, mas finais impactantes. Aqueles que não deixam “gostinho de quero mais”, mas que dizem: “já foi perfeito até aqui, e basta”. Histórias que nos lembram que continuar por continuar nem sempre é o melhor.

E aí penso na vida. Será que, em algumas situações, também desejamos isso? Que algo termine bem, do jeito que tem que terminar — não prolongado, não esticado além do necessário. Apenas um fim justo, que abre espaço para a próxima história.

Talvez seja esse o aprendizado secreto: viver como quem lê um bom livro. Guardar as páginas com carinho, deixar o coração apertado pelo final… e, ainda assim, seguir adiante para abrir o próximo.

Epígrafe:
“Nem toda história precisa durar para sempre. Algumas só precisam terminar do jeito certo.”


sábado, agosto 16, 2025

O Vulcão que Criou o Frankenstein

 
🌋 Em abril de 1815, o Monte Tambora, na Indonésia, explodiu com uma força que ainda hoje é difícil de imaginar. A erupção foi tão poderosa que removeu boa parte da montanha, enviou bilhões de toneladas de cinzas para a atmosfera e matou, diretamente, mais de 70 mil pessoas.

Mas o impacto real foi global: cinzas na estratosfera bloquearam a luz do sol, alteraram o clima e mergulharam o mundo em um fenômeno que ficaria conhecido como O Ano Sem Verão.

As colheitas fracassaram na Europa e na América do Norte. O preço dos alimentos disparou, a fome se espalhou e, em muitas regiões, a miséria ganhou tons de desespero. Mas a história curiosa — e de certa forma irônica — é que, enquanto a fome e a instabilidade tomavam conta do mundo, um punhado de jovens intelectuais estava isolado às margens do Lago de Genebra, na Suíça, tentando se distrair de um verão que nunca chegou.

☁️ Os céus eram cinzentos, as tempestades eram frequentes e o frio parecia não ir embora. Foi nesse ambiente claustrofóbico que Lord Byron, Percy Bysshe Shelley, Mary Shelley e outros amigos decidiram se entreter com leituras de histórias de fantasmas e, por fim, lançar um desafio: cada um deveria escrever sua própria narrativa de terror.

Mary Shelley, então com apenas 18 anos, começou a rascunhar a história que se tornaria "Frankenstein, ou o Prometeu Moderno" — um romance que não apenas inauguraria o gênero de ficção científica, mas também se tornaria um ícone da literatura gótica.

🧠 É interessante pensar que, sem o Tambora, talvez Frankenstein nunca tivesse sido escrito. Ou, pelo menos, não daquela forma. O clima sombrio, a atmosfera carregada e o isolamento forçado criaram as condições perfeitas para que Mary Shelley desse vida ao seu “monstro”.

E aqui entra um ponto fascinante: grandes catástrofes não geram apenas destruição. Elas também moldam culturas, artes e ideias. Um vulcão no sudeste asiático influenciou diretamente a imaginação de jovens na Europa, que, por sua vez, mudaram a literatura para sempre. É como se a própria Terra tivesse participado da criação — soprando cinzas e escuridão para dentro de uma obra-prima.

Frankenstein, de certo modo, também é uma história sobre forças que fogem ao controle. O cientista que desafia os limites da vida e da morte acaba criando algo que não pode dominar — uma metáfora perfeita para o próprio vulcão que, ao entrar em erupção, alterou o destino de milhões.

⚖️ Existe algo de profundamente humano nessa ligação entre destruição e criação. A história do Tambora e de Frankenstein nos lembra que os eventos mais sombrios podem gerar frutos inesperados — e que a arte, muitas vezes, nasce do desconforto, da instabilidade e até mesmo da tragédia.

Talvez por isso, mais de dois séculos depois, ainda sejamos fascinados tanto pelo poder bruto da natureza quanto pelas histórias que contamos para tentar compreendê-lo.

E, no fundo, fica a pergunta: será que o verdadeiro “monstro” da história foi o criado por Mary Shelley, ou foi o próprio planeta, lembrando-nos de que, por mais avançados que sejamos, ainda estamos à mercê de suas forças?

quinta-feira, julho 31, 2025

📌 Post Extra — Mark Twain: A Ironia Como Forma de Sobrevivência

 
Mark Twain talvez tenha sido o primeiro grande troll filosófico da literatura.

Autor de clássicos como As Aventuras de Tom Sawyer e As Aventuras de Huckleberry Finn, ele também foi inventor de frases que parecem ter saído de uma mesa de boteco... mas carregavam verdades desconfortáveis sobre a humanidade.

Como esta:
“Vamos agradecer aos idiotas. Não fosse por eles, não faríamos tanto sucesso.”


Humor como defesa

Twain usava humor como quem usa um escudo: para sobreviver à estupidez humana sem enlouquecer.
O sarcasmo era sua arma contra a política, a hipocrisia social e, às vezes, contra si mesmo.
Enquanto outros escritores tentavam parecer sérios e profundos, Twain fazia piada — e, assim, atingia mais fundo.


Antes do TikTok, já havia viralização

Talvez Twain nunca tenha usado TikTok (ou qualquer rede social, além da mais óbvia: o jornal),
mas ele já entendia a lógica de viralizar:
pegue uma verdade, vista com sarcasmo, e as pessoas compartilharão sem saber se riem ou se choram.


A ironia como resistência

Sua escrita prova algo que continua atual:
rir é uma forma de resistência.
Quando o mundo parece demais, uma boa piada salva a sanidade.
E Twain sabia disso — talvez por isso tenha sobrevivido às próprias perdas, falências e crises com tanta mordacidade.


Epígrafe:

“A diferença entre o homem certo e o homem errado é que o homem certo aprende com os erros dos outros.
O homem errado... se candidata.”
(versão livre, com espírito de Twain)

🇯🇵 O Soldado Que Lutou Contra o Fim da Guerra (e o Medo de Acreditar na Paz)

  "Nem toda paz é fácil de acreditar. Especialmente depois de tanto tempo na trincheira." A Guerra que Terminou Lá Fora, Mas Não D...