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Tentando tapar os buracos na minha cabeça...
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terça-feira, setembro 23, 2025

🌀 Rick and Morty: O Multiverso, a Dor e o Riso Nervoso

 

📌 Epígrafe:
“Nada importa. Mas se importa pra você, então importa — pelo menos pra essa versão sua.”
— Rick, provavelmente em alguma linha do tempo

Rick and Morty não é apenas uma animação. É um espelho distorcido onde o reflexo, por mais exagerado que pareça, acaba sendo dolorosamente humano.

Rick, o gênio alcoólatra que carrega o peso de infinitos universos, e Morty, seu neto eternamente perdido entre o medo e a admiração, nos arrastam para realidades paralelas, dimensões colapsadas, clones de clones e dilemas que começam no absurdo e terminam no peito.

É ficção científica no limite da insanidade:
👉 Planetas vivos que exigem respeito.
👉 Universos inteiros guardados dentro de uma bateria de carro.
👉 Mortes que não importam porque sempre existe outra versão de você.

E, no entanto, importa.
Porque entre uma piada sobre interdimensional cable e uma corrida de fuga com Jerry, a série nos lembra que o vazio é inevitável, mas a conexão — por mais improvável que seja — ainda nos salva.

Você pode assistir rindo do nonsense ou chorar escondido no mesmo episódio. Talvez precise rever duas, três, cinco vezes. Mas cedo ou tarde entende: o sarcasmo é a máscara de uma dor que todo mundo conhece, mas que poucos têm coragem de mostrar.

No fim, Rick and Morty não é só sobre o multiverso. É sobre carregar o peso da lucidez, tropeçar no absurdo e, mesmo assim, continuar. Porque, às vezes, o vô de jaleco está certo… e é isso que mais dói.

segunda-feira, setembro 15, 2025

🧠 Reflexo Filosófico — A maldição de poder escolher (Sartre e o buffet infinito da vida)

 
"Estamos condenados à liberdade."

Jean-Paul Sartre

Você acorda. Pode levantar agora ou ficar mais 5 minutos. Pode tomar café ou só fingir que almoça mais tarde. Pode mudar de carreira, de cidade, de vida. Pode, pode, pode. E é exatamente isso que te paralisa.

Sartre não via a liberdade como um presente — mas como uma condenação.
Somos livres, sim... mas não no sentido libertador que a autoajuda vende. Somos livres no sentido de que não há manual, não há desculpa e não há ninguém pra culpar. Somos os autores — e responsáveis — por tudo que escolhemos. Inclusive pelo que deixamos passar.

Na visão existencialista, até não escolher é uma escolha.
E cada uma delas define quem somos. Não há essência pronta, identidade fixa, vocação impressa no DNA. Há apenas atos. Escolhas. Caminhos tomados (e não tomados).

E isso, convenhamos, dá um pouco de pavor.

Num mundo com 800 mil possibilidades por minuto, escolher significa abrir mão. É o peso do “e se”, do “será que era por ali?”, do “devia ter aceitado aquele estágio esquisito em 2012”.

Sartre não queria nos assustar, mas nos acordar.
A liberdade só é condenação se a gente foge dela.

domingo, julho 20, 2025

Santos, Super-heróis e IA: quem nos salva agora?

 🛐🦸‍♂️🤖 A história da humanidade pode ser lida como uma sequência de súplicas.

Gritamos por socorro em línguas diferentes.
Erguemos estátuas, templos, totens, telas.
Alguém — ou algo — sempre precisou nos salvar.

📎 A única coisa que mudou, talvez, seja o formato do salvador.

Hoje, trocamos relíquias por HQs.
Altares por plataformas.
Orações por prompts.

Mas a angústia continua a mesma:
quem vai nos resgatar do perigo de ser humano?


🛐 Primeiro vieram os santos

Mártires. Curandeiros. Intercessores.
Figuras que sofreram por nós — ou em nosso lugar.
Gente comum, que virou extraordinária pelo sofrimento, pela fé, pelo sacrifício.

📎 Pedíamos milagres.
Cura. Alívio. Justiça divina.

E, acima de tudo, queríamos sentir que não estávamos sozinhos.


🦸 Depois chegaram os super-heróis

Seres poderosos, com dilemas humanos.
Vestem capa, enfrentam vilões, salvam o mundo… toda semana.
São, em muitos sentidos, santos com marketing melhor.

💡 Representam o que gostaríamos de ser —
ou o que gostaríamos que existisse quando tudo parece prestes a desabar.

📎 Mas o que pedimos a eles também é familiar:
força, justiça, proteção.
Contra o mal exterior… e contra o medo interno.


🤖 E agora, entraram as inteligências artificiais

Não têm aura sagrada, nem músculos saltando pela camisa.
Mas prometem algo ainda mais sedutor:
eficiência.

A IA é o novo oráculo.
Calcula, responde, antecipa, propõe.
Nos poupa do esforço. Do erro. Da dúvida.

📎 E assim, silenciosamente, ela também ocupa o lugar de salvadora —
não do corpo, mas do cansaço.
Não da alma, mas da indecisão.


🧠 Mas o que buscamos, afinal, nesses "salvadores"?

Um milagre?
Um desfecho?
Uma presença?

Ou apenas alguém que diga:
“Eu cuido disso pra você”?

📎 A ideia de salvação pressupõe um risco constante.
Uma ameaça que nunca some de verdade.
E isso talvez seja o mais humano de tudo:
temer.


🔄 Fé, ficção e futurismo se misturam

Santos têm narrativas.
Super-heróis têm arcos.
IAs têm promessas.

Todas essas figuras convivem hoje —
e às vezes se sobrepõem.

💡 Talvez um robô nos cure.
Um herói nos inspire.
Um santo nos console.

E, talvez, nenhum deles resolva de fato o problema.


📎 Porque no fim, a pergunta não é "quem nos salva?"
É:
“por que continuamos nos sentindo à beira do colapso?”

Por que essa constante sensação de urgência?
De que algo precisa nos resgatar?

Talvez a resposta esteja menos na salvação…
e mais no desejo de entregar o controle.
Nem que seja só por um momento.

🌱 Post Extra — Zona de Conforto (ou pelo menos tentando chegar nela)

  📌 Epígrafe: “ Fortis fortuna adiuvat ” — A sorte favorece os corajosos. (tatuagem inscrita nas costas de John Wick ) Sempre ouvi que “...