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domingo, julho 27, 2025

📌 Post Extra — Micromégas, Senhores da Guerra e um Déjà Vu de 16 Anos

 
Hoje revisitei um texto que publiquei em 14/04/2009, minha segunda postagem no Declus.

O texto original pode ser lido aqui: O que fazem os senhores da guerra de seus "palácios".
Na época, escrevi inspirado por Micromégas, de Voltaire, e pelo clima geopolítico do momento: Barack Obama prometendo a retirada do Iraque e a Coreia do Norte expulsando inspetores da ONU.
Agora, 16 anos depois, reli esse texto e percebi que, infelizmente, algumas coisas mudaram bem menos do que gostaríamos...


O conto do mestre Voltaire fala sobre um ser de 100 km de altura vindo de Sírius que olha para a Terra e se espanta com a pequenez moral dos humanos.
Mesmo com corpos minúsculos, eles matavam uns aos outros com uma obstinação que parecia absurda ao visitante cósmico.
E quem puxava os gatilhos simbólicos? “Os bárbaros sedentários e indolentes que, de seus palácios, dão ordens para o assassinato de milhões de homens e depois, solenemente, agradecem a Deus pelo sucesso.”


2009: Obama, Iraque e uma aposta equivocada

Naquele abril, eu escrevia com um certo alívio: os EUA, sob Barack Obama, anunciavam a retirada gradual do Iraque.
Mas, no mesmo texto, citava a Coreia do Norte expulsando inspetores da ONU. E perguntava: “Alguém aí quer fazer uma aposta?”

Pois é.
16 anos depois, o mundo continuou apostando — e perdendo.
Se não foi no Iraque, foi na Síria. Se não foi na Coreia, foi em outros tabuleiros geopolíticos.
O século XXI herdou a lógica que Voltaire satirizou no século XVIII: a guerra como obra dos palácios, com o povo como estatística descartável.


2025: o que mudou?

Alguns dirão que evoluímos tecnologicamente, que temos mais informação, que há redes sociais expondo cada atrocidade em tempo real.
Mas a pergunta continua: mudou algo essencial?
Ainda há “chapéus contra turbantes” — só trocaram as cores, as bandeiras ou até os algoritmos que definem quem é o inimigo do dia.
Micromégas, se voltasse hoje, provavelmente se sentiria num déjà vu.
Talvez dissesse: “Vocês construíram foguetes para Marte, mas continuam esmagando uns aos outros com a mesma vontade de 300 anos atrás.”


Por que revisitamos isso?

Porque esse conto de Voltaire continua sendo uma metáfora poderosa.
Ele mostra o absurdo da violência quando visto de fora, de muito longe.
E nos lembra de algo incômodo: talvez precisemos de um “gigante de Sírius” imaginário para perceber o ridículo da nossa própria destruição.


Epígrafe:

“Os bárbaros sedentários e indolentes ainda estão lá, Dedé de 2009. Só trocaram a cor das paredes do palácio e as hashtags de guerra.”

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