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Tentando tapar os buracos na minha cabeça...
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sexta-feira, agosto 29, 2025

📌 Post Extra — Conversas virtuais e as massagens do ego

 
Existe um tipo de diálogo moderno que nem Freud teria previsto: as conversas virtuais que não levam a lugar nenhum.

Você provavelmente já passou por isso: horas trocando mensagens, acreditando ter encontrado uma alma gêmea digital, alguém que entende suas ironias e até manda aquele emoji na hora certa. Tudo parece perfeito — até que chega a constatação incômoda: não passou de uma massagem no ego.

Porque, no fim, não era amor, nem amizade, nem interesse real. Era apenas um flerte casual com a solidão.

E o pior é que, mesmo quando essas conversas escapam da tela e viram convite para café, a ilusão pode continuar. Há sempre a chance de terem nascido de “verdades incorretas”. Você achava que era especial, mas talvez fosse só mais um na fila de notificações. Talvez aquela mensagem carinhosa tivesse sido enviada para cinco pessoas diferentes, e você foi apenas o que respondeu mais rápido.

No fundo, não há grande problema em papinhos moles — desde que a gente não os confunda com destino. Às vezes, tudo o que oferecem é exatamente isso: um sopro de autoestima inflada, um instante de “ser visto” no meio do barulho.

Mas, se você deseja algo além, é preciso cuidado. Nem toda mensagem é convite para a vida. Muitas vezes, é apenas o eco do vazio. E o vazio, esse sim, responde sempre.

Epígrafe:
"Nem toda notificação é sinal de presença; às vezes é só o vazio vibrando no seu bolso."

segunda-feira, agosto 04, 2025

🧠 Reflexo Filosófico — Torna-te quem tu és (Nietzsche e a síndrome do avatar)

 "Torna-te quem tu és."

Friedrich Nietzsche

Que belo conselho… até você lembrar que nem sabe exatamente quem é. E que talvez sua versão atual tenha sido construída por algoritmos, influenciadores e traumas mal resolvidos desde 2009.

Nietzsche não estava oferecendo um “siga seu coração” motivacional de autoajuda. Ele estava lançando um desafio brutal: descobrir o que há em você que ainda não nasceu, e fazê-lo viver — mesmo que isso custe a destruição da persona socialmente confortável que você cultiva.

Ser “quem você é” não é reencontrar uma essência perdida num retiro espiritual, mas um processo ativo, criativo e doloroso. É demolir máscaras, desconstruir hábitos herdados, rasgar fantasias de aprovação alheia. Nietzsche falava de autenticidade como uma obra de arte — e não como um "teste de personalidade em 7 perguntas".

Só que vivemos tempos onde performar ser autêntico virou tendência. Exibimos versões editadas de nós mesmos em vitrines digitais — ora ousados, ora vulneráveis, sempre calculados. Não somos “quem somos”, mas “quem parece engajar melhor”.

Talvez por isso essa frase continue a incomodar. Porque no fundo sabemos que ser realmente autêntico exigiria abrir mão de muito. Inclusive da segurança confortável de parecer interessante.

Então, quem é você quando o Wi-Fi cai?

quarta-feira, junho 25, 2025

Eco e Narciso no Instagram

 📱 Ela queria ser ouvida.

Ele, admirado.
Eco e Narciso continuam entre nós — agora com Wi-Fi, câmera frontal e filtro Valência.

📖 No mito original, Eco é uma ninfa condenada a apenas repetir as palavras dos outros. Sem voz própria. Sem resposta. Apaixona-se por Narciso, o belo jovem que só tem olhos para si mesmo — literalmente. Encantado com seu reflexo na água, ele não percebe ninguém ao redor. Nem a dor, nem o amor de Eco.
O desfecho, como sabemos, é trágico para ambos.
Mas parece mais atual do que nunca.


📸 A tragédia virou interface

Hoje, Eco grita nas redes: em comentários ignorados, áudios não respondidos, postagens que ninguém escuta de verdade. Fala, fala, fala — mas só encontra o eco do próprio feed.

Narciso, por sua vez, posta.
Reposta.
Analisa ângulos.
Corrige imperfeições com filtro e contraste.
Não quer ser apenas visto — quer ser idealizado.
E o espelho d’água virou tela de vidro.

🧠 Não é preciso muito para perceber: estamos cercados de Ecos tentando se conectar e de Narcisos tentando se admirar — mas todos em bolhas que raramente se tocam.


🔍 Mas e se Eco tivesse um perfil verificado?

Talvez Eco ganhasse seguidores, virasse tendência.
Mas será que alguém a escutaria de verdade?
Ouvir exige pausa.
E a atenção — esse bem escasso da era digital — anda sempre comprometida com o próximo story.

💡 O problema não é postar.
Nem se gostar.
O problema é quando tudo se torna reflexo — e nada mais é contato.


🧩 Narciso nunca quis se conhecer. Quis se admirar.

Há uma diferença entre autoconhecimento e autoimagem.
E o Instagram (ou qualquer rede) pode ser espaço para ambos — ou para nenhum.
Depende de como usamos.
De quanto tempo passamos olhando… sem enxergar.

🪞Quando só vemos nossa própria imagem, esquecemos que o outro existe.
Quando só falamos, esquecemos que o silêncio também comunica.
E quando tudo vira performance, o afeto vira platéia.


📎 A mitologia nunca sai de moda. Só troca o filtro.

Eco ainda quer ser ouvida.
Narciso ainda se encanta com o próprio reflexo.
E nós, espectadores e protagonistas ao mesmo tempo, seguimos tentando nos equilibrar entre o desejo de ser vistos e a vontade genuína de ver.

🌿 Talvez o desafio seja esse:
ser menos Eco, menos Narciso — e mais humano.
Escutar com presença.
Se mostrar com verdade.
E lembrar que, no fim das contas, a água do mito ainda reflete o que somos… com ou sem curtidas.

🇯🇵 O Soldado Que Lutou Contra o Fim da Guerra (e o Medo de Acreditar na Paz)

  "Nem toda paz é fácil de acreditar. Especialmente depois de tanto tempo na trincheira." A Guerra que Terminou Lá Fora, Mas Não D...