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Tentando tapar os buracos na minha cabeça...
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terça-feira, setembro 09, 2025

🩹 Post Extra — Feridas que não se fecham

 “Há feridas tão grandes que nunca cicatrizam.” Frodo sabia disso. Nós também.

Quando alguém que amamos vai embora, não existe manual de instruções. Nenhum cronômetro para marcar quando a dor deve acabar, nenhum guia para ensinar como reorganizar a vida sem aquela presença. A ferida continua ali: às vezes discreta como uma pontada leve, às vezes gritante como uma chama que insiste em queimar por dentro. Mas sempre presente.

Frodo carregou o fardo até o fim. E se você entendeu o final, sabe bem: algumas dores não passam, apenas mudam de forma.
Mas aqui, fora das páginas de Tolkien, aprendemos algo parecido. Descobrimos que a dor não precisa parar para a vida continuar.

Porque viver não é apagar. Não é esquecer. Não é fingir que nada aconteceu. É seguir com a ferida, com a lembrança, com o espaço vazio que jamais será preenchido do mesmo jeito.
É reaprender a sorrir mesmo com a cicatriz latejando. É encontrar beleza nos dias comuns sem exigir que ela cure o que não tem cura.

No fundo, a ausência não some. Ela só aprende a morar em silêncio dentro da gente — e nós aprendemos, pouco a pouco, a dividir espaço com ela.

Epígrafe:
“A ausência não some — só aprende a morar em silêncio dentro da gente.”


quinta-feira, junho 26, 2025

A Segunda Guerra dos Livros

 

🧙‍♂️🦁 Um anel que precisa ser destruído.
Um armário que leva a outro mundo.
Duas obras, dois autores, dois universos — e uma amizade com rugas.

📖 J.R.R. Tolkien e C.S. Lewis foram muito mais que colegas de escrita. Foram companheiros de ideias, crítica mútua, debates acalorados e, por fim, amigos que discordavam com elegância e afeto.
Durante anos, se reuniram no pub The Eagle and Child, em Oxford, junto com outros escritores do grupo informal “The Inklings”. Lá discutiam rascunhos, mundos imaginários e questões de fé com cerveja na mão e um vocabulário que faria dragões se sentirem acanhados.


📚 Fantasia, fé e farpas brandas

Tolkien era católico fervoroso, perfeccionista, obcecado por mitologias linguísticas. Lewis, por sua vez, era anglicano, mais direto e mais didático — seus livros são quase alegorias espirituais disfarçadas de aventura.
E isso gerava tensão.
Tolkien achava que As Crônicas de Nárnia misturavam demais — Papai Noel com faunos? Hércules com Aslan?
Lewis achava O Senhor dos Anéis lento, simbólico demais, e com personagens que demoravam páginas para tomar uma decisão.

💡 Mas mesmo com essas críticas, eles se admiravam.
A fantasia era um território comum — mas com mapas distintos.
E nessa divergência respeitosa, quem ganhou fomos nós: leitores sedentos por mundos onde o impossível faz mais sentido que o noticiário.


🧠 Além da ficção, um debate de visão de mundo

Lewis acreditava em fantasia como veículo moral.
Tolkien via na fantasia um escape necessário para preservar a verdade sem didatismo.
Um queria ensinar sem parecer professor.
O outro queria encantar sem parecer pregador.

⚔️ E assim se travava a Segunda Guerra dos Livros:
Não havia trincheiras, mas mesas de madeira.
Não havia espadas, mas canetas.
Não havia sangue, mas rabiscos.
E cada capítulo escrito era uma investida silenciosa no território da imaginação.


💬 E se amizade fosse isso?

Discordar sem romper.
Criticar sem humilhar.
Seguir caminhos diferentes, mas ainda desejar o bem.

Tolkien e Lewis acabaram se afastando com o tempo — nada dramático, apenas o silêncio que cresce entre pessoas que um dia estiveram muito próximas.
Mas os ecos dessa convivência ainda estão nos livros.
Na coragem que ambos tiveram de inventar mundos em que a magia serve àquilo que mais nos falta: esperança.


🧩 Ler é entrar na guerra — e sair inteiro

A rivalidade criativa entre Tolkien e Lewis não gerou ressentimentos, mas legados.
Legados de papel, mitos e personagens que habitam a nossa imaginação mesmo depois de tantas décadas.
Eles nos lembram que ideias opostas podem coexistir.
E que a melhor batalha é aquela onde todos saem ganhando — em páginas.

🇯🇵 O Soldado Que Lutou Contra o Fim da Guerra (e o Medo de Acreditar na Paz)

  "Nem toda paz é fácil de acreditar. Especialmente depois de tanto tempo na trincheira." A Guerra que Terminou Lá Fora, Mas Não D...