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Tentando tapar os buracos na minha cabeça...
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sexta-feira, setembro 19, 2025

Post Extra — Armas e Verdades

 

Epígrafe:
"Nem toda ideia precisa virar bandeira. Nem toda frase precisa ser guerra."

Vivemos numa era em que a necessidade de ter opinião sobre tudo virou quase um mandamento. Não importa se você leu a pesquisa inteira ou só o título, se tem experiência prática ou apenas “ouviu falar”: o importante parece ser escolher um lado e defendê-lo como se fosse uma batalha decisiva.

O problema é que, nesse campo de guerra simbólico, as espadas raramente cortam o “inimigo” — acabam nos ferindo uns aos outros. Discutimos sem ouvir, atacamos sem refletir, defendemos sem pensar. O resultado? Ruído, desgaste, egos inflados e uma falsa sensação de vitória em debates que, na prática, não levam a lugar algum.

Talvez a raiz esteja em confundir opinião com verdade. Como se cada frase dita precisasse ser arma, estandarte ou sentença final. Mas não há espaço para diálogo quando todos acreditam já ter a resposta definitiva.

Conviver em harmonia não exige abrir mão do pensamento crítico, mas aprender a guardar nossas armas — e, principalmente, nossas “verdades”. Nem sempre é preciso disparar. Às vezes, basta ler, refletir, respirar… e seguir em frente.

Errata Ética:
Não é porque você tem uma opinião que ela precisa ser publicada, defendida ou transformada em bandeira. Às vezes, o silêncio é o maior ato de lucidez coletiva.


domingo, setembro 14, 2025

✍️ Post Extra — Quando os Extremos Apagam a Luz

 
Epígrafe:

“Nem na escuridão total, nem no clarão absoluto se enxerga com clareza.”


Há uma metáfora que me persegue: você não enxerga tanto no escuro quanto com uma luz muito brilhante no rosto. É nesse ponto que penso nos extremos — políticos, religiosos, ideológicos. Ambos cegam. E ambos afastam da temperança, esse lugar discreto onde a convivência é possível.

A teoria da ferradura já tentou explicar isso: que os extremos se tocam em sua radicalidade. Não sou fã da metáfora, mas reconheço um fundo de verdade. Quando a busca pelo “absoluto” se sobrepõe à vida, o resultado costuma ser a mesma sombra de sempre: intolerância, exclusão, violência.


Quando matar não resolve

Existe uma pergunta provocativa: se você mata um assassino, o número de assassinos no mundo permanece estável?
O paradoxo é simples: violência só recicla a violência. É o círculo que nunca se fecha, a lógica que não se sustenta.

Do outro lado, há o ditado alemão que diz: “Se há dez pessoas numa mesa, um nazista chega e se senta, e nenhuma pessoa se levanta, então existem onze nazistas à mesa.”
Aqui, a provocação é outra: silêncio diante do extremo não é neutralidade — é cumplicidade.

É nesse campo delicado que caminhamos: entre a ação violenta, que perpetua a barbárie, e a omissão confortável, que a legitima.


A banalidade do extremo

O filósofo Hannah Arendt chamou de “banalidade do mal” aquele processo em que atrocidades se tornam rotina, normalizadas, burocráticas até. Hoje, parece que vivemos outra banalização: a do extremo. O assassinato, o ódio, a eliminação do outro como solução viraram notícia repetida — até cansar.

Seja na figura do inimigo político, do adversário religioso ou do povo reduzido a estatística, o “extermínio” deixou de ser inimaginável e passou a ser uma hipótese de mesa de bar. E isso, talvez, seja o maior sintoma de decadência moral da nossa era.


Um sonho antigo, ainda válido

Lembro da infância, dos concursos de Miss. A plateia ria quando as candidatas diziam: “Eu desejo a paz mundial”. Ingenuidade, dizíamos. Hoje, sinto falta daquela ingenuidade. Não porque acreditasse numa paz total, mas porque ainda havia espaço para sonhá-la em público, sem cinismo.

A UNESCO chama de “educação para a prevenção do extremismo” esse esforço de cultivar diálogo, respeito e equidade como antídotos contra o ódio. Outras iniciativas falam de “cultura da paz”. Pode soar burocrático. Mas talvez seja só uma forma institucional de traduzir o desejo simples das candidatas de miss: um dia sem guerras, um dia sem mortes, um dia sem manchetes sangrando.


Entre a utopia e o esforço cotidiano

A paz mundial é possível? Provavelmente não da forma absoluta, sem falhas. Mas talvez seja menos sobre alcançar um ponto final e mais sobre manter o processo em movimento.

Ela depende de coisas simples e difíceis ao mesmo tempo:

  • Educação, que ensina a questionar antes de odiar.

  • Justiça social, que dá dignidade antes que a violência ocupe o vazio.

  • Coragem ética, que levanta da mesa quando o nazista senta.

  • Espaços de diálogo, que tratam o outro como humano, mesmo na discordância.

Não é utopia sonhar com isso. Utopia é acreditar que a violência resolve.


O silêncio que eu gostaria de ouvir

No fim, o que mais desejo é um dia de notícias “sem importância”. Um dia sem bombas, sem massacres, sem extremismos aplaudidos como bravura. Que possamos, como os reis distraídos do passado, escrever em nossos diários: “Nada importante aconteceu hoje.”

Porque, às vezes, nada acontecendo é exatamente a coisa mais importante que poderia acontecer.


📌 Conclusão:
Os extremos sempre parecerão mais sedutores que o caminho do meio. Eles oferecem a ilusão de clareza: ou luz ofuscante, ou sombra absoluta. Mas viver é justamente o contrário: aceitar o crepúsculo, a nuance, a negociação. Talvez nunca cheguemos à paz total — mas podemos cultivar menos extremos. E isso, no mundo de hoje, já seria uma revolução.


🌱 Post Extra — Zona de Conforto (ou pelo menos tentando chegar nela)

  📌 Epígrafe: “ Fortis fortuna adiuvat ” — A sorte favorece os corajosos. (tatuagem inscrita nas costas de John Wick ) Sempre ouvi que “...