Existem coisas pequenas que irritam a gente de um jeito totalmente desproporcional. Para mim, uma delas era não saber montar um Cubo Mágico. Sim, aquele 3x3x3 que muita gente já resolveu, pelo menos uma vez na vida, por pura sorte ou conhecimento básico. Eu, não.
Sempre fui do tipo "quero aprender tudo" — ou pelo menos ter uma noção razoável de quase tudo. Talvez isso explique minha incapacidade crônica de focar em uma coisa só. E o Cubo estava lá, me cutucando, como uma lacuna vergonhosa na lista de "habilidades aleatórias que eu gostaria de ter".
Essa frustração me perseguiu por décadas, até que, no ano passado, com 50 anos na cara, resolvi encarar. O empurrão final veio com a ironia do destino: comentei no trabalho sobre a minha incapacidade, e uma colega se animou, dizendo que queria aprender junto.
O discurso dela me deu o start. Pesquisei, caí numa ótima playlist do Manual do Mundo (em colaboração com a Cuber Brasil ) e comecei o processo.
A tática foi de concurseiro: um vídeo por vez, um passo por dia. Eu aprendia a movimentar uma camada, repetia aquele algoritmo à exaustão, e só no dia seguinte avançava para a próxima. No fim de pouco mais de uma semana, eu já conseguia resolver o cubo inteiro, do início ao fim.
A Metáfora Que Realmente Importa
Hoje, resolvo tranquilo em até dois minutos. Não sou um speedcuber de campeonato, nem nunca quis ser. Minha vitória não foi ganhar segundos no cronômetro, mas sim, tirar da lista uma frustração que me perseguia há anos e provar que o óbvio não é impossível.
O mais curioso é que esse aprendizado virou uma metáfora poderosa para qualquer coisa que parece impossível de longe — de concursos a projetos de vida:
Quebre em etapas.
Insista um pouquinho por dia (constância).
Aceite que o progresso vem camadinha por camadinha.
No fim, dá para resolver.
Ah, e a colega que prometeu aprender junto e me inspirou? Até hoje, nada. A danada ficou só no discurso. A diferença entre o sonho e o feito é sempre a primeira camada de esforço. 😅