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Tentando tapar os buracos na minha cabeça...
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segunda-feira, setembro 01, 2025

🧠 Reflexo Filosófico — O algoritmo vigia, logo resisto (Foucault e o GPS da alma)

 "Onde há poder, há resistência."

Michel Foucault

A frase parece um lema revolucionário, mas tem gosto de aviso sussurrado na porta de um elevador com câmera.

Foucault não enxergava o poder apenas nos governos ou nas polícias. Para ele, o poder está em todos os lugares — nos discursos, nas normas, nos olhares, nos hábitos. Ele não oprime diretamente. Ele molda, regula, forma.

E como todo poder tenta se fazer invisível, ele se esconde nas estruturas: nas escolas, nos hospitais, nos questionários de perfil de vaga de emprego. Hoje, também nos termos de uso que ninguém lê.

A frase — “onde há poder, há resistência” — é o lembrete de que a obediência nunca é absoluta. Mesmo sob vigilância, mesmo em silêncio, mesmo agindo como se tudo estivesse bem... há frestas. Há desvios. Há memes irônicos como forma de insubordinação.

No século XXI, o novo pastor digital se chama algoritmo. Ele recomenda vídeos, molda gostos, escolhe com quem você deve sair e o que você deve pensar — tudo “personalizado”. Mas Foucault estaria atento: quando até a liberdade é medida por clique, resistir pode ser simplesmente silenciar por escolha própria. Ou curtir algo que o sistema não recomendou.

A pergunta não é apenas quem te vigia.
Mas: o que você faz quando acha que ninguém está vendo?

terça-feira, agosto 26, 2025

O Google Sabe Quem Você É (e Ainda Sugere o que Pensar)

 
Antes de você terminar a frase, o Google já termina por você.

Essa sensação de eficiência — de que alguém adivinha o que buscamos — é, na verdade, o reflexo de um retrato invisível que a tecnologia construiu de nós.

Mas aqui surge a pergunta incômoda: será que esse retrato é fiel, ou é apenas uma caricatura?

O oráculo do século XXI 🔮

Antigamente, buscávamos conselhos em sacerdotes, filósofos ou até no horóscopo do jornal. Hoje, perguntamos ao Google. Ele não prevê o futuro, mas sugere caminhos, respostas e até perguntas que não tínhamos pensado em fazer.

E, como todo oráculo, sua sabedoria tem um preço: ele conhece nossos hábitos mais íntimos.
A pesquisa da madrugada, o remédio que cogitamos, a viagem que nunca fizemos, a pergunta que temos vergonha de fazer a um amigo. Tudo vira insumo para um perfil digital que, muitas vezes, é mais detalhado do que qualquer autorretrato que faríamos de nós mesmos.

Mas quem é esse “eu” que o Google conhece? 🤔

Talvez não seja você inteiro, mas uma versão editada — um mosaico de cliques, buscas, interesses e impulsos.
Um eu que não sabe do seu silêncio, mas sabe das músicas que você repete.
Um eu que não sabe dos seus medos mais profundos, mas sabe do produto que você adicionou ao carrinho e nunca comprou.

E, ironicamente, talvez esse “perfil digital” se torne uma espécie de espelho distorcido: não o que somos, mas o que o algoritmo acha que podemos ser — e, pior ainda, o que ele gostaria que fôssemos.

A ilusão da escolha 🎭

Quando aceitamos as sugestões de busca ou clicamos no primeiro resultado, não estamos apenas recebendo informação: estamos conformando nosso pensamento a um roteiro invisível.
O buscador se torna um filtro da realidade, uma lente que colore a forma como vemos o mundo.

No fundo, o que chamamos de escolha pode ser apenas a sensação confortável de caminhar dentro de um trilho.
E se não percebemos o trilho, talvez já não estejamos escolhendo de fato.

Filosofia de bolso ☕

A questão, no fim, não é se o Google sabe mais do que nós sobre quem somos.
A questão é: será que nós mesmos sabemos?

Se nossos desejos podem ser antecipados por uma caixa de pesquisa, talvez a parte mais assustadora não seja o controle do algoritmo — mas o fato de que somos, em grande parte, previsíveis.


📜 Epígrafe
“O buscador não responde quem você é. Ele apenas sugere quem você pode se tornar — desde que clique.”

🌱 Post Extra — Zona de Conforto (ou pelo menos tentando chegar nela)

  📌 Epígrafe: “ Fortis fortuna adiuvat ” — A sorte favorece os corajosos. (tatuagem inscrita nas costas de John Wick ) Sempre ouvi que “...