Declus

Tentando tapar os buracos na minha cabeça...
Mostrando postagens com marcador Simone de Beauvoir. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Simone de Beauvoir. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, agosto 18, 2025

🧠 Reflexo Filosófico — O que se torna (Simone de Beauvoir e a fábrica de moldes)

 "Ninguém nasce mulher: torna-se mulher."

Simone de Beauvoir

Ela não quis dizer que mulheres nascem de ovos alienígenas. Mas que, na sociedade, ser mulher nunca foi só biologia — sempre foi roteiro, papel, expectativa.

Quando Simone de Beauvoir escreveu essa frase em O Segundo Sexo, ela não estava apenas teorizando sobre gênero: estava detonando a ideia de destino natural. Dizia que a mulher — como identidade — é construída por décadas de educação, imposições, proibições, representações.

E o mesmo, claro, vale para todas as identidades. O que nos tornamos não é só fruto da essência, mas também da pressão externa. Cada “não pode”, cada “isso é coisa de menino”, cada comercial de depilador rosinha com sorrisos falsos no verão. Tudo isso esculpe o ser social.

Beauvoir nos convida a uma desconfiança saudável: será que aquilo que eu sou… é o que eu quis ser? Ou o que me ensinaram a ser para ser aceito, amável, “correto”?

A frase reverbera até hoje, especialmente em tempos onde tantas pessoas tentam se libertar de rótulos, padrões estéticos, papéis engessados. O tornar-se, para Simone, era uma escolha política. Um ato de consciência.

E isso não vale só para mulheres — vale para qualquer um tentando existir fora da embalagem.

sábado, junho 21, 2025

Sartre, aniversários e a dedicatória esquecida de 2007

 📅 21 de junho

No mesmo dia em que vim ao mundo, nasceu também Jean-Paul Sartre.
É possível — e provável — que essa seja a única coincidência relevante entre nós. Mas já é algo.
Ele, filósofo existencialista que escreveu para provocar, pensar e transformar.
Eu, um curioso que insiste em sublinhar livros, colecionar perguntas e escrever posts em datas simbólicas.

Hoje, no dia em que celebro mais um ano, decidi revisitar Sartre — não só pelo calendário, mas por aquele tipo de sincronia secreta que às vezes acontece entre a vida e os livros. E talvez também por uma dedicatória esquecida.


📚 Filósofo, escritor, dissidente — e relutante celebridade
Sartre não aceitava rótulos fáceis.
Se recusou ao Nobel de Literatura (“nenhum homem merece ser transformado em instituição viva”), escreveu peças, romances e tratados filosóficos — sempre tentando dissolver as barreiras entre teoria e prática, entre liberdade e responsabilidade.
Sua vida foi feita de escolhas radicais: recusou cátedras, preferiu panfletos à fama e viveu um amor livre (e controverso) com Simone de Beauvoir, sua parceira intelectual e afetiva.

Ler O Ser e o Nada exige fôlego. Ler A Náusea exige estômago. Mas há algo em Sartre que recompensa: ele não promete respostas — só o direito de fazer as perguntas certas.


📝 Aline, 2007, e um livro que esperava por mim
Há alguns anos, encontrei um exemplar usado de Entre Quatro Paredes, peça curta e brutal, que termina com a frase: “O inferno são os outros.”
Na primeira página, uma dedicatória:
“Para você, Aline. Que esses personagens te façam pensar. 06.2007”
A letra, torta. A tinta, já quase apagada.
E Aline, ao que tudo indica, se desfez do presente — ou o esqueceu em alguma mudança.

Hoje, esse livro está na minha estante.
E mesmo sem saber quem o escreveu, nem por que Aline o deixou, sinto que carrego uma espécie de missão: dar continuidade ao gesto interrompido. Ler o que foi oferecido. E passar adiante o que valer a pena.


🎂 O que fazer com o que a vida fez de nós?
Sartre acreditava que a existência precede a essência.
Que somos o que escolhemos ser — apesar do mundo, apesar dos outros, apesar de nós mesmos.
No dia do meu aniversário, essa ideia ressoa com força: não é sobre o que me aconteceu, mas sobre o que eu farei disso daqui em diante.

E por isso encerro com uma das frases que mais me acompanham:

"Não importa o que a vida fez de você, mas o que você faz com o que a vida fez de você."

Que ela sirva de presente.
Para mim, por estar aqui.
Para você, que me lê.
E para Aline — onde quer que esteja.

🇯🇵 O Soldado Que Lutou Contra o Fim da Guerra (e o Medo de Acreditar na Paz)

  "Nem toda paz é fácil de acreditar. Especialmente depois de tanto tempo na trincheira." A Guerra que Terminou Lá Fora, Mas Não D...