Declus

Tentando tapar os buracos na minha cabeça...
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terça-feira, setembro 30, 2025

💎 Escrúpulos: A Pedra no Sapato da Consciência

 "Escrúpulos não impedem a caminhada. Só fazem você andar com mais cuidado."

A Origem da Dor Moral

A palavra "Escrúpulo" não é apenas um conceito moral; ela tem origem no chão batido. Vem do latim scrupulus: uma pequena pedra afiada.

Nos tempos romanos, um legionário em marcha interminável sentia a scrupulus na sandália. Ele tinha uma escolha: seguir em frente, pisando na dor e arriscando uma ferida, ou parar para tirar a pedra, enfrentando a bronca do centurião e o atraso. O escrúpulo, então, era o incômodo físico que forçava uma pausa e uma decisão ética.

Enquanto isso, os poderosos — em seus cavalos ou liteiras — não sabiam o que era esse tormento.

O Privilégio da Indiferença

Talvez seja por isso que nasceu a ideia de que gente no topo "não tem escrúpulos". Não necessariamente por serem demônios da maldade, mas por estarem blindados contra a dor moral de uma escolha difícil. Eles não pisam no chão, não sentem a pedra.

O escrúpulo é o nosso sistema de alerta interno. É aquele pequeno desconforto que diz: "Se você fizer isso, vai machucar alguém (inclusive você)." É a pedra minúscula que a boa pessoa decide parar para tirar do caminho, e que a pessoa perigosa decide ignorar, pisando em cima dela.

Nossas decisões mais éticas não nascem de grandes sermões filosóficos; elas nascem dos incômodos mais pequenos.

A diferença entre uma boa pessoa e uma perigosa é essa: a vontade de parar e se sujar, em vez de seguir marchando com a consciência em dor.

Quem não sente nenhum desconforto nas escolhas que faz... talvez já tenha deixado de caminhar.


segunda-feira, setembro 15, 2025

🧠 Reflexo Filosófico — A maldição de poder escolher (Sartre e o buffet infinito da vida)

 
"Estamos condenados à liberdade."

Jean-Paul Sartre

Você acorda. Pode levantar agora ou ficar mais 5 minutos. Pode tomar café ou só fingir que almoça mais tarde. Pode mudar de carreira, de cidade, de vida. Pode, pode, pode. E é exatamente isso que te paralisa.

Sartre não via a liberdade como um presente — mas como uma condenação.
Somos livres, sim... mas não no sentido libertador que a autoajuda vende. Somos livres no sentido de que não há manual, não há desculpa e não há ninguém pra culpar. Somos os autores — e responsáveis — por tudo que escolhemos. Inclusive pelo que deixamos passar.

Na visão existencialista, até não escolher é uma escolha.
E cada uma delas define quem somos. Não há essência pronta, identidade fixa, vocação impressa no DNA. Há apenas atos. Escolhas. Caminhos tomados (e não tomados).

E isso, convenhamos, dá um pouco de pavor.

Num mundo com 800 mil possibilidades por minuto, escolher significa abrir mão. É o peso do “e se”, do “será que era por ali?”, do “devia ter aceitado aquele estágio esquisito em 2012”.

Sartre não queria nos assustar, mas nos acordar.
A liberdade só é condenação se a gente foge dela.

sexta-feira, setembro 05, 2025

✍️ Post Extra — A dor de se manter “reto” (ou quase isso)

 Às vezes sinto que faço papel de bobo.

Seja quando deixo alguém passar na frente, quando entrego umas moedas para alguém na rua, ou até quando penso que não mereço o amor ou a amizade de certas pessoas. Nessas horas, me convenço de que “deixar a pessoa em paz” é a escolha mais sensata. E, por algum motivo, esse tal “caminho do meio” dói.

Não é que eu esteja nele o tempo todo — pelo contrário. Passei anos justamente tentando chegar perto dele. Me recuso a levar vantagem indevida, mesmo quando ninguém descobriria. Mesmo quando a vida parece quase me convidar a trapacear. Já fiz isso no passado, e às vezes me dei bem — muito bem, por sinal. Mas a sensação que ficou não foi vitória, foi dívida.

Hoje engulo o choro, me resigno, sigo. Tento acertar, tento me redimir. Mas, no fundo, a pergunta continua cutucando: será que deveria ter aproveitado aquela brecha, aquele “atalho”? Talvez. Só que, em algum ponto, percebi que não quero isso há muito tempo.

Vejo os amigos rirem quando enganam alguém, quando “passam a perna” como se fosse troféu. Eu já ri disso também. Hoje, aprendi a não criticar e a não dar lição de moral — não sou perfeito. Ninguém sabe quando vou escorregar de novo. A única diferença é que, quando esse próximo deslize vier, espero que não seja premeditado.

Talvez seja isso o que sobra de consolo: não a perfeição, mas a escolha insistente de continuar tentando. Mesmo que doa. Mesmo que eu me sinta meio idiota. Porque, no fim, ser “reto” é quase sempre perder no curto prazo. Mas talvez seja o único jeito de não se perder de si mesmo.

Epígrafe:
“Não é sobre nunca cair. É sobre saber por que ainda tento andar em linha reta.”


sábado, agosto 16, 2025

📌 Post Extra — Ilusão de Ética

 
Vivemos na era do dualismo de bolso.

Calma: não é uma referência direta ao ex-presidente (embora os mais incautos possam até achar que sim… e talvez não estejam tão errados). É o dualismo reduzido, simplificado, que cabe numa caixinha de rede social: certo x errado, bem x mal, nós x eles. O maniqueísmo atualizado para tempos de memes e threads.

Dentro desse tabuleiro simplificado, cada lado se convence de que busca o “melhor”.
Mas o melhor para quem? Para si? Para o grupo? Para a humanidade?
O problema é que, quase sempre, o “melhor” vem com nota de rodapé: vale enquanto não atrapalhar o meu conforto pessoal.

É aí que entra a tal ilusão de ética.
Um verniz que nos faz acreditar que nossas escolhas são justas, éticas, corretas… até o momento em que percebemos que alguém ficou pelo caminho. E então inventamos justificativas, sofismas e boas intenções — porque ninguém gosta de se enxergar como o vilão da própria história.

Mas será que existe mesmo um caminho do meio?
Uma forma de equilibrar desejo e responsabilidade sem se tornar mártir nem predador? Talvez a resposta seja menos heroica do que parece: não se trata de salvar o mundo, mas de não destruí-lo enquanto busca o seu lugar nele.

O prazer existe — e é legítimo buscá-lo.
Mas se, para desfrutá-lo, é preciso esmagar o outro, talvez não seja prazer: seja apenas abuso com outra etiqueta.
A vida bem vivida talvez não seja um ideal ético absoluto, e sim um exercício diário de sobriedade: aproveitar sem ferir, existir sem devastar.

E isso, convenhamos, já é revolucionário o bastante.


Epígrafe
“Todo mundo é ético até descobrir que ética não paga boleto.”

Contraepígrafe
"Talvez a maior ilusão ética seja acreditar que estamos sempre do lado certo."

Errata Ética
"Ou talvez a maior ilusão seja fingir que se importa com ética quando, no fundo, só não quer parecer o vilão da história."

Nota de rodapé insolente
“A ética é linda… até esbarrar na sua conveniência.”

🇯🇵 O Soldado Que Lutou Contra o Fim da Guerra (e o Medo de Acreditar na Paz)

  "Nem toda paz é fácil de acreditar. Especialmente depois de tanto tempo na trincheira." A Guerra que Terminou Lá Fora, Mas Não D...