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Tentando tapar os buracos na minha cabeça...
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domingo, setembro 07, 2025

🍊 A Metade da Laranja e Outras Metáforas Que Azedam

 Existe mesmo “a pessoa certa”?

A cara-metade, a alma gêmea, a tampa da panela (ou da frigideira esquecida no fundo do armário)?
Crescemos cercados dessas metáforas como se o amor fosse um quebra-cabeça, e cada um estivesse condenado a procurar pela peça que falta.

Mas talvez o amor seja menos sobre encaixe perfeito e mais sobre dois absurdos tentando funcionar juntos. Porque, sejamos honestos: ninguém é tão redondo assim. Somos todos cheios de rachaduras, arestas, manias. O que chamam de “compatibilidade” pode ser, no fundo, só uma boa negociação entre as nossas loucuras.

A ideia da metade da laranja soa romântica, mas também carrega uma armadilha: a de acreditar que somos incompletos sozinhos. E não somos. Pelo contrário: só quando aprendemos a ser inteiros é que conseguimos realmente dividir algo com alguém. Metade + metade não dá um inteiro. Dá duas metades carentes tentando se completar em vão.

O problema é que a cultura nos treina a esperar esse encaixe mágico. Filmes, músicas, novelas, apps de namoro — todos vendem a fantasia de que “lá fora” existe alguém feito sob medida para nós. Quando, na prática, o que existe são encontros improváveis entre pessoas reais, cheias de falhas e histórias inacabadas.

No fim, talvez a questão não seja achar a tampa perfeita para a panela, mas aprender a cozinhar com o que se tem — às vezes até queimando a borda, mas rindo junto no processo.

E é nesse ponto que a metáfora azeda dá lugar a algo mais honesto: o amor como parceria, não como salvação. O encontro de dois inteiros que sabem caminhar sozinhos, mas escolhem — e isso é essencial — caminhar juntos.

Epígrafe
“Amar não é completar-se. É transbordar ao lado de quem também já aprendeu a ser inteiro.”


sábado, agosto 30, 2025

📌 Post Extra — Manual de como não se apaixonar

 Passo 1: não olhe nos olhos. Os olhos são perigosos — eles revelam mais do que deveriam, e às vezes entregam aquele brilho que você jura que nunca mais veria.

Passo 2: mantenha distância segura. Nada de cafés, encontros casuais ou conversas até tarde. São justamente nesses momentos que o coração, esse traidor profissional, resolve agir.

Passo 3: nunca ria junto. O riso compartilhado é o atalho mais rápido para a queda livre. E depois que você cai, não tem manual que dê jeito.

Passo 4: fuja dos detalhes. Não repare no jeito que a pessoa mexe no cabelo, nem no modo como pronuncia uma palavra estranha, ou como lembra de coisas que você achava que ninguém mais notava. É nesse descuido que mora o perigo.

Passo 5: lembre-se de que você tem controle absoluto sobre seus sentimentos. (Mentira. Mas acreditar nisso ajuda a dormir à noite.)

E, por fim, o passo mais importante: não se iluda. Porque, no fundo, todo manual de como não se apaixonar é apenas um roteiro falho para adiar o inevitável. A verdade é simples: a gente precisa se apaixonar, tropeçar, quebrar a cara e, ainda assim, querer de novo. É assim que se vive — mal escrito, sem manual, mas intensamente humano.

Epígrafe:
"Não existe manual para o coração: ele rasga as instruções antes mesmo de começar."

quinta-feira, agosto 28, 2025

📌 Post Extra — Quem vai primeiro?

 
Existe um segredo não dito em qualquer relação de amor: alguém sempre vai embora primeiro.

E, de algum jeito cruel e inevitável, esse é o verdadeiro contrato que assinamos sem ler as letras miúdas.

A cena já virou meme de sabedoria contemporânea: Stephen Colbert pergunta a Keanu Reeves o que acontece quando morremos. O ator, sem pausa, sem filosofia rebuscada, responde apenas:
— “Aqueles que nos amam sentirão nossa falta.”

Fim. Checkmate. Derrubou a mesa.
De repente, já não importa se há vida após a morte, reencarnação, paraíso ou um upload de consciência na nuvem. O que importa é quem fica.

Talvez por isso, às vezes, brote em nós uma vontade quase infantil de “partir primeiro”. Não por bravura, mas por medo: para não carregar o peso da ausência, o silêncio da casa, a cadeira vazia na mesa. Um pedido secreto para que o outro assine a parte mais amarga do contrato.

Mas amar é justamente o contrário: é aceitar esse risco. É abraçar a possibilidade da dor. É saber que a vida é um jogo de dados viciados — e que, inevitavelmente, alguém vai sentir a ferida do “primeiro adeus”.

No fundo, a pergunta nunca foi “quem vai primeiro?”, mas sim: estamos vivendo de tal forma que, quando esse dia chegar, a nossa falta será sentida?


Epígrafe
"Amar é arriscar a ausência do outro. E ainda assim, continuar."

sexta-feira, agosto 22, 2025

Schopenhauer, o Amor e a Gaiola Invisível

 
Arthur Schopenhauer, o filósofo do pessimismo, provavelmente não teria um perfil no Tinder. Mas se tivesse, sua bio seria algo como:

A vida oscila entre a dor e o tédio. Swipe por sua conta e risco.”

Para ele, o amor não era uma poesia bonita nem uma escolha racional. Era, na verdade, um truque da natureza — uma armadilha biológica para nos fazer acreditar que estamos buscando felicidade, quando na verdade estamos apenas servindo ao instinto da espécie.

O desejo seria, assim, uma gaiola invisível.
Você entra achando que é liberdade, mas logo percebe as barras: ciúme, frustração, promessas quebradas, ilusões que se repetem.
Cada "match" é menos sobre você e mais sobre a vontade cega da vida (a famosa Vontade, em Schopenhauer) querendo continuar existindo.

E é aí que o filósofo dá aquele tapa filosófico:
👉 O amor romântico é só a ilusão de que “dessa vez vai”.
Na prática, é um empurrão para a reprodução, pintado com frases bonitas e playlists no Spotify.

Mas calma — Schopenhauer não era apenas destruidor de corações. Ao enxergar o amor como ilusão, ele também nos lembrava de algo libertador: talvez não seja culpa sua se dói tanto. Talvez a dor de amar e desamar seja só o preço de estar vivo num corpo que insiste em desejar.

No fim, podemos até rir: se o filósofo tivesse visto a dinâmica do Tinder, talvez apenas confirmasse sua tese — não importa quantos swipes você dê, a gaiola sempre está lá. Só muda a cor da grade.

🌱 Post Extra — Zona de Conforto (ou pelo menos tentando chegar nela)

  📌 Epígrafe: “ Fortis fortuna adiuvat ” — A sorte favorece os corajosos. (tatuagem inscrita nas costas de John Wick ) Sempre ouvi que “...