đ§♂️đŠ Um anel que precisa ser destruĂdo.
Um armĂĄrio que leva a outro mundo.
Duas obras, dois autores, dois universos — e uma amizade com rugas.
đ J.R.R. Tolkien e C.S. Lewis foram muito mais que colegas de escrita. Foram companheiros de ideias, crĂtica mĂștua, debates acalorados e, por fim, amigos que discordavam com elegĂąncia e afeto.
Durante anos, se reuniram no pub The Eagle and Child, em Oxford, junto com outros escritores do grupo informal “The Inklings”. LĂĄ discutiam rascunhos, mundos imaginĂĄrios e questĂ”es de fĂ© com cerveja na mĂŁo e um vocabulĂĄrio que faria dragĂ”es se sentirem acanhados.
đ Fantasia, fĂ© e farpas brandas
Tolkien era catĂłlico fervoroso, perfeccionista, obcecado por mitologias linguĂsticas. Lewis, por sua vez, era anglicano, mais direto e mais didĂĄtico — seus livros sĂŁo quase alegorias espirituais disfarçadas de aventura.
E isso gerava tensĂŁo.
Tolkien achava que As CrĂŽnicas de NĂĄrnia misturavam demais — Papai Noel com faunos? HĂ©rcules com Aslan?
Lewis achava O Senhor dos Anéis lento, simbólico demais, e com personagens que demoravam påginas para tomar uma decisão.
đĄ Mas mesmo com essas crĂticas, eles se admiravam.
A fantasia era um territĂłrio comum — mas com mapas distintos.
E nessa divergĂȘncia respeitosa, quem ganhou fomos nĂłs: leitores sedentos por mundos onde o impossĂvel faz mais sentido que o noticiĂĄrio.
đ§ AlĂ©m da ficção, um debate de visĂŁo de mundo
Lewis acreditava em fantasia como veĂculo moral.
Tolkien via na fantasia um escape necessĂĄrio para preservar a verdade sem didatismo.
Um queria ensinar sem parecer professor.
O outro queria encantar sem parecer pregador.
⚔️ E assim se travava a Segunda Guerra dos Livros:
NĂŁo havia trincheiras, mas mesas de madeira.
NĂŁo havia espadas, mas canetas.
NĂŁo havia sangue, mas rabiscos.
E cada capĂtulo escrito era uma investida silenciosa no territĂłrio da imaginação.
đŹ E se amizade fosse isso?
Discordar sem romper.
Criticar sem humilhar.
Seguir caminhos diferentes, mas ainda desejar o bem.
Tolkien e Lewis acabaram se afastando com o tempo — nada dramĂĄtico, apenas o silĂȘncio que cresce entre pessoas que um dia estiveram muito prĂłximas.
Mas os ecos dessa convivĂȘncia ainda estĂŁo nos livros.
Na coragem que ambos tiveram de inventar mundos em que a magia serve àquilo que mais nos falta: esperança.
đ§© Ler Ă© entrar na guerra — e sair inteiro
A rivalidade criativa entre Tolkien e Lewis nĂŁo gerou ressentimentos, mas legados.
Legados de papel, mitos e personagens que habitam a nossa imaginação mesmo depois de tantas décadas.
Eles nos lembram que ideias opostas podem coexistir.
E que a melhor batalha Ă© aquela onde todos saem ganhando — em pĂĄginas.
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