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Tentando tapar os buracos na minha cabeça...

terça-feira, agosto 26, 2025

O Google Sabe Quem Você É (e Ainda Sugere o que Pensar)

 
Antes de você terminar a frase, o Google já termina por você.

Essa sensação de eficiência — de que alguém adivinha o que buscamos — é, na verdade, o reflexo de um retrato invisível que a tecnologia construiu de nós.

Mas aqui surge a pergunta incômoda: será que esse retrato é fiel, ou é apenas uma caricatura?

O oráculo do século XXI 🔮

Antigamente, buscávamos conselhos em sacerdotes, filósofos ou até no horóscopo do jornal. Hoje, perguntamos ao Google. Ele não prevê o futuro, mas sugere caminhos, respostas e até perguntas que não tínhamos pensado em fazer.

E, como todo oráculo, sua sabedoria tem um preço: ele conhece nossos hábitos mais íntimos.
A pesquisa da madrugada, o remédio que cogitamos, a viagem que nunca fizemos, a pergunta que temos vergonha de fazer a um amigo. Tudo vira insumo para um perfil digital que, muitas vezes, é mais detalhado do que qualquer autorretrato que faríamos de nós mesmos.

Mas quem é esse “eu” que o Google conhece? 🤔

Talvez não seja você inteiro, mas uma versão editada — um mosaico de cliques, buscas, interesses e impulsos.
Um eu que não sabe do seu silêncio, mas sabe das músicas que você repete.
Um eu que não sabe dos seus medos mais profundos, mas sabe do produto que você adicionou ao carrinho e nunca comprou.

E, ironicamente, talvez esse “perfil digital” se torne uma espécie de espelho distorcido: não o que somos, mas o que o algoritmo acha que podemos ser — e, pior ainda, o que ele gostaria que fôssemos.

A ilusão da escolha 🎭

Quando aceitamos as sugestões de busca ou clicamos no primeiro resultado, não estamos apenas recebendo informação: estamos conformando nosso pensamento a um roteiro invisível.
O buscador se torna um filtro da realidade, uma lente que colore a forma como vemos o mundo.

No fundo, o que chamamos de escolha pode ser apenas a sensação confortável de caminhar dentro de um trilho.
E se não percebemos o trilho, talvez já não estejamos escolhendo de fato.

Filosofia de bolso ☕

A questão, no fim, não é se o Google sabe mais do que nós sobre quem somos.
A questão é: será que nós mesmos sabemos?

Se nossos desejos podem ser antecipados por uma caixa de pesquisa, talvez a parte mais assustadora não seja o controle do algoritmo — mas o fato de que somos, em grande parte, previsíveis.


📜 Epígrafe
“O buscador não responde quem você é. Ele apenas sugere quem você pode se tornar — desde que clique.”

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