"Aquilo que você resiste, persiste."
Carl Gustav Jung
O problema de fingir que não há um monstro no porão é que ele começa a arrastar móveis lá em cima. E, mais cedo ou mais tarde, ele sobe pra tomar café com você.
Jung não falava de monstros mitológicos, mas de algo muito mais próximo: nossos medos, traumas, frustrações e desejos inconfessáveis. Tudo aquilo que a gente empurra pro fundo da mente achando que desaparece. Só que não desaparece. Vira sintoma.
A frase resume um dos pilares da psicologia junguiana: recalcar não resolve, só transforma o problema em outra coisa. Aquilo que você evita olhar de frente acaba se infiltrando por trás — nos sonhos estranhos, nas escolhas erradas, nos estalos de raiva sem aviso.
O que você resiste não apenas persiste: ele se disfarça. E às vezes se veste de trabalho excessivo, de distração constante ou de um otimismo exagerado. O porão psicológico vira palco para uma peça cujo roteiro você esqueceu que escreveu.
Jung defendia o encontro com a sombra: reconhecer o que é incômodo em si mesmo, sem fugir, sem idealizar. Porque só quem reconhece sua sombra pode integrar-se de verdade. O resto é pose.
Talvez seja hora de descer as escadas. Levar uma lanterna. E, com sorte, descobrir que o monstro só queria ser escutado.
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