O Doce Empelotado
Estava lembrando de uma cena antiga de Charlie Brown — ou, como o desenho ficou carinhosamente conhecido por aqui, Snoopy.
No episódio, Charlie compra um algodão-doce e a Patty Pimentinha, animada, sugere colocar pipoca em cima. Mas, claro, ela faz isso no algodão-doce dele, não no dela.
O resultado? Um doce empelotado, estranho — uma invenção agridoce que não deu certo — e aquele silêncio constrangedor típico dos Peanuts.
Patty logo esquece o que fez, partindo para a próxima ideia. Charlie não. Ele fica ali, com o algodão desfigurado na mão, resignado. Porque é isso que o Charlie faz: aceita o que o mundo entrega, mesmo quando o mundo está claramente errado ou é ligeiramente caótico.
A Síndrome de Charlie Brown
E quantas vezes somos assim?
Aceitamos a ideia alheia, o convite duvidoso, a sugestão de "vai ser divertido" ou o "vamos tentar esse atalho" — e depois ficamos presos na situação, pensando: "Como diabos eu vim parar aqui, com pipoca no meu algodão-doce?"
A tendência é focar na frustração e na má ideia.
Mas talvez a moral da história não seja sobre evitar a pipoca no algodão-doce. Talvez seja sobre aprender a distinguir o trauma do aprendizado.
Nem toda experiência ruim é perda. Às vezes, é só um gosto novo que não esperávamos provar — um sabor estranho, mas que nos ensina algo sobre o que gostamos e o que podemos tolerar.
O Risco da Mistura
Então, da próxima vez que te chamarem para algo diferente — um curso de cerâmica inesperado, uma viagem de última hora para um lugar que você nunca considerou, ou um pulo de paraquedas —, talvez valha o risco.
O pior que pode acontecer é ter pipoca no seu doce. O melhor? Descobrir que a mistura, embora estranha, é o que faltava na sua rotina.
Afinal, a vida é isso: um parque de diversões meio melado, meio salgado. E você não precisa ser um Charlie Brown resignado, mas pode ser um aventureiro disposto a aceitar o novo sabor.

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