Existe um segredo não dito em qualquer relação de amor: alguém sempre vai embora primeiro.
E, de algum jeito cruel e inevitável, esse é o verdadeiro contrato que assinamos sem ler as letras miúdas.
A cena já virou meme de sabedoria contemporânea: Stephen Colbert pergunta a Keanu Reeves o que acontece quando morremos. O ator, sem pausa, sem filosofia rebuscada, responde apenas:
— “Aqueles que nos amam sentirão nossa falta.”
Fim. Checkmate. Derrubou a mesa.
De repente, já não importa se há vida após a morte, reencarnação, paraíso ou um upload de consciência na nuvem. O que importa é quem fica.
Talvez por isso, às vezes, brote em nós uma vontade quase infantil de “partir primeiro”. Não por bravura, mas por medo: para não carregar o peso da ausência, o silêncio da casa, a cadeira vazia na mesa. Um pedido secreto para que o outro assine a parte mais amarga do contrato.
Mas amar é justamente o contrário: é aceitar esse risco. É abraçar a possibilidade da dor. É saber que a vida é um jogo de dados viciados — e que, inevitavelmente, alguém vai sentir a ferida do “primeiro adeus”.
No fundo, a pergunta nunca foi “quem vai primeiro?”, mas sim: estamos vivendo de tal forma que, quando esse dia chegar, a nossa falta será sentida?
✨ Epígrafe
"Amar é arriscar a ausência do outro. E ainda assim, continuar."
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