Há um momento em que o coração, cansado de refazer as mesmas perguntas, simplesmente se cala.
Não é porque ele finalmente entendeu tudo sobre o que aconteceu. É porque ele aprendeu a conviver com o que ficou sem resposta. É a exaustão da busca que nos leva, ironicamente, à paz.
Com o tempo, a gente percebe que o fim de um relacionamento não é só o fim de um "nós" compartilhado, mas o início de um "eu" que precisa reaprender a existir sozinho.
E é isso que dói, de fato. Não é a ausência do outro que mais machuca, mas a necessidade brutal de se reorganizar internamente. É o caos da sua própria arquitetura emocional sendo redesenhada.
O Sentimento Como Estado de Presença
Já passei por todas as fases: não aceitar o fim, entender pela metade, aceitar com recaídas e, finalmente, compreender que as pessoas mudam — e está tudo bem.
Ninguém deve explicações por ter mudado de opinião ou de direção, desde que seja honesto no silêncio. Entender isso é um avanço crucial.
Os sentimentos não são contratos vitalícios; são estados de presença. E, às vezes, o outro apenas deixou de estar presente naquele estado. O fluxo mudou. O que parecia sólido era, na verdade, um rio.
Eu também entendi que revisitar o passado de vez em quando não é recaída. É manutenção da memória. É dar um lugar seguro para o que foi bom, sem a obrigação de reviver a dor. É como olhar uma foto antiga: a saudade é um carinho, não um convite para voltar.
No fim, amar (e desamar) é isso: aceitar o fluxo constante.
É saber que cada afeto tem o seu tempo de início, meio e transformação. E que seguir em frente não é esquecer quem se foi — é permitir que o seu coração, finalmente, descanse.
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