😨 Os medos costumam ser invisíveis.
Mas, curiosamente, ganham nomes.
E nomes muitas vezes longos, complicados, meio absurdos —
quase como se a palavra quisesse compensar o fato de que não dá pra explicar o que se sente.
📎 “Fobia” vem do grego phóbos — pavor.
E a partir daí, o dicionário do medo se desenrola, misturando grego, latim, psicologia e… metáforas.
📚 Um catálogo de terrores nomeáveis
📎 Claustrofobia: medo de espaços fechados.
Do latim claustrum (fechado) + phobos (medo).
Literalmente, o medo daquilo que não deixa sair.
📎 Agorafobia: medo de espaços abertos ou multidões.
Do grego ágora, que era a praça pública.
O que era lugar de encontro, vira hoje símbolo de ansiedade.
📎 Tripofobia: medo de buracos ou padrões repetitivos.
Não reconhecida clinicamente, mas real pra quem sente.
E ainda sem origem etimológica clara — o que, de certa forma, a deixa mais inquietante.
🔍 Nomear é controlar?
Dizer “tenho acrofobia” parece mais sério do que dizer “tenho medo de altura”.
📎 A palavra técnica funciona quase como um escudo racional.
Dá forma ao que é instintivo.
Ajuda a organizar o caos interno.
Mas também revela algo curioso:
nossos medos precisam de linguagem para serem reconhecidos.
Sem palavra, vira grito.
Vira silêncio.
Ou vira meme.
🧠 Temos medo... até de palavras sobre medo
Você sabia que existe a hipopotomonstrosesquipedaliofobia?
É, ironicamente, o medo de palavras longas.
📎 Um exemplo clássico de como a linguagem às vezes zomba do próprio conteúdo.
Mas também existe a nomofobia (medo de ficar sem celular).
E a ergofobia (medo do trabalho).
Ou a socerofobia (medo da sogra — real oficial).
💡 O medo é mutável.
Se adapta às épocas.
Se encaixa nas sílabas disponíveis.
🌫️ E os medos que ainda não têm nome?
Porque há aqueles que não cabem num termo.
Aquela angústia ao acordar sem saber por quê.
A sensação de que tudo está prestes a desabar.
O incômodo ao ouvir determinada música.
A ansiedade no silêncio.
📎 Esses talvez sejam os medos mais profundos —
porque ainda não foram alfabetizados.
✍️ Criar palavras é criar abrigo
Muitas fobias surgem primeiro como sensações.
Depois ganham voz.
Depois nome.
Depois diagnóstico.
📎 É um processo de tradução da alma.
Porque o medo, quando nomeado, ainda assusta — mas já pode ser escutado.
📎 E talvez por isso a etimologia do medo fascine tanto:
porque mostra que, mesmo em fuga, o ser humano quer entender.
Quer narrar.
Quer dar contorno ao monstro.
Mesmo que só pra dizer:
“Eu sei como você se chama.”
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