Nem empunhavam raios, tridentes ou arcos.
Mas ninguém — absolutamente ninguém — podia ignorá-las.
📎 Cloto fiava o fio da vida.
Láquesis media o seu comprimento.
Átropos o cortava.
As Moiras.
Três irmãs.
Três destinos.
E nenhum pedido de reconsideração.
🪡 Tecendo o que não controlamos
Na mitologia grega, as Moiras decidiam o curso da vida humana.
Não eram cruéis — apenas firmes.
Não julgavam. Não explicavam.
Apenas teciam.
📎 O fio da vida é uma imagem poderosa:
delicado, contínuo, e inevitavelmente finito.
📅 E então chegou o mundo moderno com seus planners
Hoje, temos planilhas, aplicativos de metas, hábitos em cadeia, blocos de horas.
Vivemos a ilusão de que tudo pode ser otimizado.
Dormir melhor.
Ler mais.
Beber água com limão às 7h05.
E, se possível, prever o que estará sentindo na terça-feira da semana que vem.
📎 Mas as Moiras observam em silêncio.
E seguem fiando.
📉 A frustração vem da falsa promessa de controle
Quantas vezes tudo saiu “como planejado”?
Quantas vezes você teve mesmo o domínio do próprio dia?
Ou da própria emoção?
📎 A cultura da produtividade prega que basta querer —
mas a realidade vive esbarrando em acidentes, cansaços, imprevistos e… Átropos.
🧶 Talvez os gregos fossem mais realistas que nós
Eles já sabiam que a vida não é previsível.
E por isso criaram um sistema simbólico onde nem os deuses podiam intervir nos fios que as Moiras fiavam.
📎 Não é sobre desistir.
Mas sobre entender que nem tudo depende de você.
E isso, às vezes, é libertador.
📍 Mas... ainda podemos fiar alguma coisa?
Sim.
Podemos escolher com que cor tecer nossos dias.
Com que pessoas emaranhar os fios.
Com que ritmo bordar os momentos.
📎 Não podemos controlar a tesoura —
mas talvez possamos escolher o bordado.
💭 E se aceitássemos a vida como tecido em andamento?
Se entendêssemos que há dias de trama firme…
e dias de linha solta?
📎 Talvez sobrasse mais paciência.
Menos culpa.
Mais tempo de respiro entre uma tarefa e outra.
Mais gratidão por cada ponto que ainda não foi cortado.
📎 As Moiras seguem em silêncio, trabalhando em bastidores.
Não são vilãs.
Nem deusas do castigo.
São apenas um lembrete antigo de algo que o mundo moderno esqueceu:
Nem tudo se controla.
Mas tudo pode ser vivido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário