"Enquanto a gente teoriza, ela mastiga. A linguagem que a vaca entende é simples: ação."
A Linguística Bovina (e a Procura por Validação)
A ciência tem suas loucuras, mas poucas se comparam ao que aconteceu no Condado de King, nos Estados Unidos, em meados do século XX. O objetivo era nobre, mas bizarro: provar que as vacas da região entendiam melhor a gramática incorreta dos fazendeiros do que a gramática formal ensinada nas escolas.
A tese partia da observação de que os animais respondiam mais rápido a comandos regionais, como "git along now", do que ao correto "go along now, please". A partir daí, um grupo de professores locais decidiu que a gramática padrão estava errada — e que as vacas, criaturas de suposta sabedoria bovina, eram a prova científica de que o sotaque local era superior à norma culta.
O experimento durou algumas semanas. Envolveu linguistas, fazendeiros e, claro, um rebanho de animais impassíveis.
A Verdade Universal da Indiferença
O experimento terminou, previsivelmente, em nada. As vacas continuaram ignorando tanto a gramática formal quanto a linguagem vernacular. Elas confirmaram apenas uma verdade universal: o tempo que se gasta esperando uma resposta que nunca virá é o mesmo tempo que poderíamos usar para fazer algo útil — como tirar o leite.
No fundo, o condado inteiro não estava testando as vacas; estava testando a si mesmo. Queriam ouvir do mundo (ou de um animal ruminando capim) uma confirmação, um aceno que dissesse: "Sim, o seu jeito está certo. Você não precisa mudar."
E é aí que a metáfora bate forte:
Nós fazemos isso o tempo todo. Esperamos pela validação da vida, dos outros, das circunstâncias ou de um status quo que nos diga que estamos "no caminho certo". E chamamos essa paralisia de paciência ou de cautela.
Quando, na verdade, é apenas espera.
A lição da vaca é brutal e eficiente: a linguagem que realmente move a vida é a Ação. Enquanto a gente fala, ela mastiga. Enquanto a gente teoriza e espera pela permissão, ela segue em frente.
Enquanto a gente espera a validação, ela simplesmente vive.

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