O Pastor, o Diabo e o Nome no Papel
(ou: o conto que nunca mais encontrei)
Há muitos anos, durante uma das minhas imersões em livros de contos (dessas que envolvem pilhas de papel, cheiro de guardado e tardes inteiras revirando histórias), encontrei um conto. Não era um conto famoso. Não estava em nenhuma coletânea de autores clássicos. Tampouco me lembro do nome do livro ou da editora. Só sei que li, me impactou — e depois desapareceu. Sumiu da estante, da memória das livrarias, da internet.
Desde então, busquei por essa história de todas as formas possíveis: revirei cada livro que possuo (e olha que são muitos), vasculhei PDFs, fiz buscas em cinco idiomas diferentes, vasculhei fóruns, perguntei a amigos leitores, usei IA, tarot, mapa astral. Nada. Nada mesmo. Mas a história ficou. E aqui vai ela, contada da forma mais fiel possível à lembrança que carrego:
O Conto Esquecido
Um homem nasceu e cresceu com a firme convicção de servir a Deus. Desde pequeno, seguia uma vida reta, correta, limpa. Com o tempo, virou pastor de uma igreja e se tornou referência de retidão na comunidade. Essa dedicação extrema à fé e à moral gerava incômodo em alguns — afinal, ninguém gosta muito de conviver com a perfeição alheia.
Um dos mais incomodados era o padre de uma igreja próxima. O convívio entre os dois era silencioso e repleto de desconfiança.
Certo dia, o próprio diabo apareceu. Sim, o tinhoso em pessoa, interessado naquele homem tão inabalável. Tentou de tudo: riquezas, prazeres, poder — e nada o seduzia. Até que usou um último truque: ofereceu-lhe vida eterna. “Poderás pregar a palavra de Deus para sempre”, disse ele, com voz melíflua e um papel na mão.
“Escreva seu nome aqui e queime este papel. Nosso pacto estará selado.”
O pastor hesitou. Pensou. E o diabo foi embora, deixando o papel.
Mais tarde, sozinho, o pastor escreveu um nome... e queimou o papel.
Um grito cortou a noite.
Era o padre.
O pastor, sutil e malandro, havia escrito o nome do rival. O pacto foi selado — mas não com ele.
O diabo, furioso, desapareceu.
E o tempo passou. O padre morreu, outros vieram, e o pastor envelheceu... mas não morreu.
Sua aparência se deteriorava, a cidade mudava, as pessoas desapareciam. Mas ele continuava. Vagando. Envelhecendo. Sempre ali, entre a carne e o castigo. A eternidade, afinal, tinha vindo — mas não como ele imaginava.
Um Conto de Impacto
Essa história me marcou pela ironia cruel e pelo tom bíblico-torcido que carrega. Tem algo de fábula, de parábola, de crítica velada à santidade em excesso. E o final? Amargo e perfeito.
Sei que talvez tenha distorcido algum detalhe da versão original — a memória prega peças —, mas o núcleo da história era esse. E nunca mais consegui reencontrá-la.
E agora, um apelo
Você já leu algo parecido? Reconhece esse conto? Sabe de qual livro ou autor ele veio?
Se souber, por favor, comente aqui ou entre em contato. Eu adoraria dar os devidos créditos a quem criou uma história tão poderosa e (até onde sei) perdida no tempo.
Enquanto isso, deixo aqui meu registro — quem sabe agora, finalmente, o conto saia da penumbra.
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