Imagine alguém acordando no ano 3001. Um salto de mil anos.
Surreal, certo?
Mas aí vem a pergunta: o que realmente assustaria essa pessoa?
Uma porta que fala? Uma máquina que ouve? Uma casa que lembra a hora do remédio? Difícil dizer. Afinal, já convivemos com assistentes de voz, celulares que entendem comandos e geladeiras que avisam quando o leite acabou. Talvez o choque não fosse tão grande assim.
Essa é a provocação lançada em 3001: A Odisseia Final (Arthur C. Clarke), onde Frank Poole é resgatado do espaço depois de mil anos e descobre um mundo que, surpreendentemente, não é tão assustador quanto poderia parecer. O espanto maior não está nos objetos que falam ou se movem sozinhos, mas no fato de eles entenderem o que queremos.
É curioso pensar nisso: a ficção científica, aquela que antes nos fazia sonhar com mundos distantes, agora já se confunde com a realidade. Carros que dirigem sozinhos, inteligência artificial que escreve, algoritmos que aprendem — o futuro já não tem mais a cara de um amanhã inalcançável. Ele está aqui, no nosso cotidiano, tão natural que até o espanto foi domesticado.
O tempo, afinal, não nos leva tão longe quanto pensávamos.
E talvez o que nos assuste menos seja a tecnologia em si, e mais a pergunta silenciosa que ela traz: será que estamos prontos para sermos entendidos?
📌 Epígrafe:
“Não me assustaria se uma porta falasse comigo.
O que me assusta é que ela me entenda.” — Frank Poole
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